Gramado premia Renato Aragão com troféu Kikito

O humorista Renato Aragão, o Didi, abriu a festa do 36º Festival de Gramado, no Palácio dos Festivais, ao receber um Kikito de Ouro especial por sua carreira de 47 filmes, incluindo os 7 que estão entre as 10 maiores bilheterias do cinema brasileiro. O trapalhão lembrou seu começo difícil, hostilizado pela crítica, e diz que o reconhecimento – ele recebeu, há pouco, homenagem da Academia Brasileira de Cinema – chega no momento certo, em que ele precisa de estímulo para seguir adiante, enfrentando os blockbusters de Hollywood, como Batman – O Cavaleiro das Trevas, que ocupou quase todo o mercado e deixou o outrora campeão com 80 salas para o seu Guerreiro Didi e a Ninja Lili.

Nome Próprio, longa de Murilo Salles, abriu no domingo (10) a mostra competitiva e provocou polêmica em Gramado. Em uma cena do filme a protagonista, Camila, diz que seu blog não é um diário nem interativo e acrescenta que ela escreve das entranhas, visceralmente, porque é o que a mantém viva. Mais tarde, ela também diz que precisa organizar o caos de sua vida. Salles baseou-se na experiência da blogueira Clarah Averbuck, famosa pelo despudor (sem juízo ético nenhum na palavra) com que se expõe. No blog, ela pode não querer interação nem que as pessoas opinem sobre sua vida. Como personagem de cinema, é diferente.

A própria Clarah polemizou com o diretor, no debate realizado na segunda-feira (11) pela manhã. Ela gosta do filme – senão, como explica, não estaria em Gramado -, mas não se sente retratada nele. Segundo ela, os textos de Camila, a personagem, não são os de Clarah, a autora. Sua literatura, goste-se ou não dela, é muito referencial. No filme, a literatura de Camila também é, mas são as referências de Murilo Salles, o diretor, para tratar do desamparo e do feminino (ou do desamparo feminino). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.