Grafiteiros terminam hoje arte na Travessa da Lapa

A Travessa da Lapa, no centro de Curitiba, é um dos locais mais visados por pichadores. Porém, a partir dos próximos dias, o vandalismo vai dar lugar à arte. Na manhã de ontem três artistas curitibanos de grafite (Michael Devis, Felipe Kress e Wagner Now) deram início à pintura de um mural na travessa, entre as ruas José Loureiro e Pedro Ivo. Os trabalhos no local terminam hoje.

Em oitenta metros de muro serão mostrados alguns retratos da capital paranaense, sob o ponto de vista dos artistas. “Vamos focar o lado bonito, calmo e ecológico de Curitiba. Porém, não vamos deixar de mostrar que na cidade também existe o caos, como problemas em postos de saúde e poluição”, disse Felipe, que trabalha com grafite há nove anos.

Os artistas acreditam que o mural, posicionado na região central da cidade, vai ajudar a divulgar o grafite e fazer com que a arte seja vista com melhores olhos pela população. “Ainda existe muito preconceito em relação ao grafite e às pessoas que o realizam. Muita gente vê o trabalho no começo, antes de ser finalizado, e confunde com pichação”, afirmou Wagner, que pinta desde 2005.

A pintura do mural conta com a aprovação dos comerciantes que atuam na Travessa da Lapa. “Acho que mesmo no começo o trabalho já está deixando o muro muito bonito. Estou ansioso para saber como vai ficar no final. Só espero que vândalos não resolvam pichar por cima do mural”, comentou o vendedor ambulante Elizeu Queiroz.

Michael Devis, Felipe Kress e Wagner Now durante o trabalho no centro.

Histórico

Michael Devis começou sua carreira na periferia de Curitiba, após assistir a um filme sobre o artista norte-americano Basquiat. Reside há três anos no Japão, onde, a exemplo do que ocorreu no Brasil, já ganhou várias exposições. Devis realizou trabalhos para grandes marcas nacionais e internacionais, como Tim, Nike, Panasonic, Nescau, Toyota e Smirnoff, entre várias outras, e, contratado pela Organização das Nações Unidas (ONU), participou da pintura de um viaduto de 400 metros, um tributo a biodiversidade. Além disso, organizou o 1.º Encontro Internacional de Graffiti de Curitiba, que reuniu cerca de 80 escritores de grafite do Brasil, do Chile e dos Estados Unidos. Também é editor da revista Capsula, dirigida ao público do grafite. Hoje, como designer, também desenvolve diversos trabalhos para várias agencias paranaenses.

Felipe Kess já foi curador de projetos relacionados a sua arte promovidos pela Petrobras e por diversas organizações não-governamentais (ONGs). Atualmente, é tatuador. Wagner Now é escritor de grafite da nova geração e seu estilo vem ganhando força no cenário nacional. Também atua como designer gráfico.

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