Garota insaciável

A suposta timidez de Maria Ribeiro não resiste a cinco minutos de conversa. Logo o ar encabulado dá lugar a um tom mais seguro e confiante, comprovado por uma enorme articulação para expôr suas idéias. Aliás, crescer em cena não é novidade para esta carioca de 30 anos. Isso acontece também em Prova de Amor, da Record, novela em que ela interpreta Raquel. A princípio, a moça seria apenas a ex-namorada do segundo vilão da trama, Gerião, feito por André Segatti. Mas aí a participação de Raquel foi crescendo e agora tudo se encaminha para colocá-la no centro de uma polêmica: depois de enfileirar vários namorados, Raquel tem mostrado um certo interesse em novas experiências no caso, com Janice, interpretada por Fernanda Nobre. A atriz acredita que esta possibilidade está mexendo com a cabeça dos telespectadores. "Todos querem saber sobre o futuro dessa possível relação. E olha que minha personagem atualmente está namorando o Bira, interpretado por Rafael Zulu", valoriza.

Apesar de não saber se realmente haverá um relacionamento homossexual, já que a questão ainda está muito no ar, Maria Ribeiro garante que nada impede que as duas engatem um romance. A atriz lava a mãos e diz que o desfecho de sua imprevisível personagem depende do autor Tiago Santiago. Ela, contudo, vê com bons olhos que o envolvimento homossexual seja retratado na trama e ainda acrescenta que não há a interferência da Igreja Universal no departamento de teledramaturgia da Record. "Li isso na revista Veja, mas não é nada disso. Seria burrice. Afinal, se a emissora quer ter prestígio, precisa abordar os mais variados temas", opina.

Em Prova de Amor, aliás, a personagem de Maria Ribeiro tem dado o que falar desde o início da novela. A atriz lembra que, a princípio, seu papel não seria muito grande. Mesmo assim, Raquel ganhou destaque depois que se envolveu ao mesmo tempo com os irmãos Gabi e Rafael, interpretados por Théo Becker e Cláudio Heinrich. Para ela, o triângulo amoroso instigou o público. "O mais interessante foi tentar abrir um pouco a cabeça dos telespectadores. Que mal há em gostar de duas pessoas ao mesmo tempo?", espanta-se.

Em sua terceira novela na Record, Maria Ribeiro considera esse um bom momento profissional. Nem mesmo ter participado da fracassada Metamorphoses é desabonador. Apesar dos problemas ao longo da novela, ter estado na trama como Patrícia foi uma grande "roubada", mas divertidíssima. "Minha personagem teve o perfil alterado umas duzentas vezes. Mas, com o tempo, será uma novela muito cultuada, de tão ‘trash’ e caótica que era", acredita. Quando o assunto é a experiência em A Escrava Isaura, por sua vez, Maria Ribeiro é só empolgação. Para ela, ter feito a Malvina, na adaptação de Tiago Santiago, foi muito diferente do trabalho anterior. Isso porque foi o primeiro papel que realmente sentiu prazer em interpretar. "Além de ter sido uma produção muito bem-cuidada, representou um marco para a emissora", exagera.

Com contrato com a Record por mais dois anos, Maria Ribeiro já sabe muito bem o que fazer depois de terminar de gravar Prova de Amor: descansar e aproveitar algumas semanas de férias com o filho. E não pensa em vir a trabalhar num possível seriado inspirado na novela, como pretende a emissora. A atriz confessa que prefere participar de outras produções da "casa" a voltar a "encarnar" a jovem Raquel. "O melhor da carreira é a possibilidade de fazer coisas novas. Não quero ficar presa a uma determinada personagem", avisa.

Outras paradas

Mesmo às voltas com uma rotina corrida em Prova de Amor, Maria Ribeiro se dedica a projetos paralelos. No momento, a atriz dá seqüência às filmagens de um documentário sobre o diretor e autor Domingos de Oliveira. Com título provisório de Domingos no Cabaré, a atriz espera finalizar a produção até o final deste ano para lançar em 2007. Maria Ribeiro conta que o filme, na verdade, é uma homenagem ao diretor, com quem já trabalhou no teatro em Confissões de Adolescentes e O Inimigo do Povo, entre outras peças e no cinema no longa Separações. "Ele é meu mestre e me ensinou muito. Quero ser ele quando crescer", exagera, entre risos.

O documentário sobre Domingos de Oliveira, por sinal, é a segunda experiência de Maria Ribeiro na direção. Em 2001, ela também "atacou" de diretora no curta-metragem Vinte e Cinco, que mostrava o reencontro de três amigas da época da adolescência aos 25 anos de idade e no qual também participou como atriz. A experiência na direção, no entanto, mostrou que Maria Ribeiro não pretende, ao menos por enquanto, voltar a dirigir atores. Por isso, resolveu apostar no documentário, que é um projeto pessoal. "O bom da direção é que a gente tem o controle sobre tudo, o que não acontece em tevê. Mas o comando de uma ficção é um trabalho pouco agradável e muito desgastante", pondera. 

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