Flores para o barão

Passeando pela Praça Tiradentes, em Curitiba, vi flores aos pés da estátua de Joaquim José da Silva Xavier. Muito justo! Aprendemos a reverenciá-lo em abril. Passou abril, passou maio e nem sentimos o seu passar. E nem lembramos do que aqui aconteceu, nesse mês, já há algum tempo. Contudo, viajando pelos ?maios? anteriores, nos deparamos com um episódio tão triste, tão doloroso, que mais cômodo seria não saber, não lembrar, esquecer.

A ignorância, o esquecimento, no entanto, não anulam o acontecido. Antes propiciam a repetição do erro. O que nos leva a entender que o conhecimento da história é tão necessário para uma sociedade, quanto é o espelho retrovisor, para um motorista em qualquer estrada.

Assim entendendo, a professora Chloris Casagrande Justen, há muito, vem lutando pela implantação da história do Paraná em nosso currículo escolar. Quando a referida professora obtiver vitória nessa causa, certamente haverá uma profunda reflexão sobre a vida pregressa do Estado e sua capital. Datas como 20 de maio de 1894 não serão esquecidas. Livros como Para a história de Rocha Pombo, e A última viagem do Barão do Serro Azul, de Túlio Vargas, deixarão as estantes e o conhecimento se fará. De suas páginas saltarão os mártires da Revolução Federalista denunciando a vilania da qual foram vítimas, mostrando, nomeando as ruas centrais da capital, transformadas em ?via-crucis?, por onde passaram a caminho do holocausto.

Quando esse episódio, que enlutou tantas famílias, for atentamente estudado, merecendo dos sociólogos a devida atenção, ficará evidente o quanto influenciou no comportamento dos curitibanos e talvez seja encontrada aí justificativa para a tão decantada frieza e sua maneira cautelosa de ser!

Chegando ao conhecimento de todos, o calvário de Ildefonso Correira, e sua atitude compreendida, não restará dúvida que o Barão do Serro Azul está para a história de Curitiba como Tiradentes está para a história do País. Pois se o precursor da Independência brasileira deixou se imolar pela idéia republicana, o Barão do Serro Azul foi imolado pela sua consciência de cidadania.

Teresa Teixeira de Britto do Centro de Letras do Paraná, Centro Paranaense Feminino de Cultura, da Academia de Letras José de Alencar e Academia Feminina de Letras do Paraná

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