Fernanda Lopes de Almeida reinventa fábulas

Há muitos séculos o homem descobriu uma maneira divertida e instrutiva de ensinar ética a seus semelhantes: contando fábulas. Longe de serem apenas aventuras de animais falantes, essas histórias descrevem com precisão o melhor e o pior do comportamento humano. Depois de se deleitar com as obras de Esopo e La Fontaine, mestres do gênero, Fernanda Lopes de Almeida -uma das grandes escritoras da literatura infantil brasileira -sentiu um desejo de transpô-las para um código de valores compatíveis com a mentalidade das crianças de hoje e se propôs a cumprir este desafio. Lançamento da editora Ática, A aranha, a dor de cabeça e outros males que assolam o mundo traz lições de vida que nunca envelhecem.

Cada uma das quinze histórias aborda um vício contra o qual devemos sempre lutar. ?É apontando o mal que as fábulas chegam a despertar a noção do bem?, diz a autora, que escolheu temas como vaidade, arrogância, inveja, má-fé e egoísmo para mostrar a importância da boa convivência e do respeito. Para garantir que os leitores pensassem com liberdade e tirassem suas próprias conclusões, ela suprimiu a tradicional ?moral da história??. ?As crianças pensam muito, ao contrário do que os adultos crêem. Apenas, às vezes, é necessário convidá-las à reflexão?, explica. Nessas fábulas, habilmente reinventadas, encontramos o corvo que queria se passar por pavão, o leão que menosprezou o poder de um mosquitinho, o conhecido caso da cigarra e da formiga em uma versão com final inusitado, além da divertida narrativa que dá título ao livro.

Nela, o diabo inventa a aranha e a dor de cabeça apenas com a intenção de perturbar o ser humano e pede para que elas escolham onde gostariam de morar: num palácio ou numa cabana. A aranha ficou com a primeira opção e a dor de cabeça com a segunda. Ao longo do texto, o leitor percebe que tais escolhas podem não ser as mais adequadas para as personagens.

Voltar ao topo