Nada de surf music ou coisa que o valha. No documentário Fábio Fabuloso, dirigido por Pedro Cezar, Ricardo Bocão e Antonio Ricardo, as manobras radicais, as vitórias e vida do surfista paraibano Fábio Gouveia, o Fábio Fabuloso do título, ganharam uma trilha sonora original, bem regional e com pitadas de elementos eletrônicos. O compositor, produtor e multiinstrumentista Marcos Cunha, que assina a trilha com a colaboração de outros parceiros, criou uma reunião sonora que conseguiu fugir do lugar-comum e acabou ficando sob medida para seu personagem.
A musicalidade criada por ele dialoga com as origens de Fábio Gouveia. Também produtor de cantores, trilhas sonoras para teatro e comerciais e autor de remixes, Marcos Cunha faz um mergulho nos ritmos nordestinos, fortalecido por letras que remetem à literatura de cordel. Pedro Luís, Black Alien, Comadre Fulozinha, entre outros convidados, imprimem um molho musical e rítmico próprio ao projeto, que combinam muito bem com a proposta do produtor.
Tudo isso foi integrado a uma nova tendência da música eletrônica, que desfila seus ingredientes em faixas como Drop, Macumba Salgada do Mar, Curvas na Areia, Surf Malecon, Água Fria, entre outras canções que caem como uma luva no universo de Gouveia, considerado um dos maiores surfistas brasileiros de todos os tempos.
Agora, a trilha sonora do filme mostra que ela pode funcionar tão bem no CD player quanto comprovadamente funciona na telona.
Nina
Na Europa, os remixes de trilhas sonoras de filmes se tornaram muito comuns nas pistas de dança. No Brasil, esse trabalho foi experimentado pela primeira vez com o filme Nina, pelos DJs e VJs Spetto, Jodele e Elka Andrello. Com direção de Heitor Dhalia, a história de Nina (vivida pela atriz Guta Stresser), uma garota de sensibilidade agudíssima e mente fragilizada, deu pano para o trio criar um remix delirante de imagens e fazer uma releitura da trilha sonora, com interferências de ilustrações de Lourenço Mutarelli, especialmente criadas para o filme.