Exposição reúne maquetes de obras de Regina Silveira

Por “certa aflição com a efemeridade”, a artista Regina Silveira constrói, a posteriori, maquetes das obras que ela projetou para espaços e arquiteturas diversas, como diz, tanto no Brasil como no exterior. Não são objetos que ela utiliza durante a concepção de seus sempre impactantes trabalhos site specifics – porque ela os cria depois de terminadas as suas exibições -, mas miniaturas que se transformam em documento ou memória de suas ações. “Fazer maquetes foi sonhar a permanência de obras que desapareciam quase sempre em um par de meses, ou pouco mais”, define. É esse dado da produção de Regina Silveira que está na mostra que a artista inaugura hoje para convidados e amanhã para o público no Itaú Cultural, em São Paulo.

Convidada a participar do projeto Ocupação do instituto, Regina decidiu apresentar um conjunto de maquetes de trabalhos que realizou entre 2004 e 2007 em espaços diversos, como Irruption, em versões para o Museum of Fine Arts de Houston (EUA) e para a Bienal de Taipei (Taiwan); Lumen, para o Palácio de Cristal de Madri (Espanha); Mundus Admirabilis, para o Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília; e Observatório, para a Pinacoteca do Estado, em São Paulo, entre outros. São, todos eles, intervenções em diálogo com a arquitetura (interna ou na fachada) dos lugares, feitas no campo caro de criação da artista a partir do “jogo da imagem com a percepção”, seja provocando ilusionismo ótico, deformando a perspectiva, manipulando a sombra. Nas maquetes vemos obras em que imagens como pegadas de animais e de pessoas, insetos gigantes ou marcas de derrapagens de pneus, por exemplo, ocupam os locais ou promovem a sensação de terem invadido completamente aqueles espaços.

“Há o encanto de refletir sobre o trabalho, olhar para trás e oferecer a questão da escala”, afirma Regina Silveira sobre a exposição. A mostra ganha, assim, um caráter misto, tanto didático quanto de criação de um espaço para a imaginação.

O processo criativo da artista está lá no espaço expositivo com a apresentação de pranchas com estudos e do vídeo, dirigido por André Costa, feito a partir de colagem de fotografias e registros de making of da realização das obras em cada um dos lugares. A própria apresentação das maquetes, sobre uma bancada branca, remete à mesa e às lâmpadas do estúdio de Regina Silveira. Ainda vale dizer que Regina Silveira exibe até 15 de outubro a obra Glossário, inédita, sobre a luz, e feita especialmente para o Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos (Rua Borges Lagoa, 1.450). “É um poema visual”, diz a artista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.