Estreia “O Livro de Eli”, com Denzel Washington

O cenário é desolador, com uma paisagem aterradora, sem vegetação e permanentemente cinza. O fim dos dias chegou e a culpa não foi de Deus, como previsto no livro do Apocalipse. Um homem vaga a pé por estradas devastadas e repletas de pessoas que já perderam o senso de humanidade há muito tempo. Para sobreviver, é preciso estar preparado.

“O Livro de Eli”, com Denzel Washington, que estreia hoje, e “A Estrada”, com Viggo Mortensen, que estreia em 9 de abril, se passam em um mundo pós-apocalíptico como o descrito acima. Ambos também podem remeter o espectador ao clássico “Mad Max” (1979), de George Miller. “A Estrada”, no entanto, foca a tragédia humana, enquanto “O Livro de Eli” é mais ação com uma certa conotação religiosa.

Dirigido pelos irmãos Albert e Allen Hughes (“Do Inferno”, 2001), “O Livro de Eli” tem um bom tema para explorar, mas peca por mostrar um enredo superficial. Denzel Washington é Eli, um andarilho que, após ouvir uma voz em sua mente, decide caminhar sempre rumo ao oeste. Como ele é exímio lutador, ninguém é capaz de detê-lo. Em sua mochila, ele guarda um livro e reúne pequenos objetos para serem trocados por água.

O que guia Eli é sua fé. O tal livro, cobiçado pelo bandidão Carnegie, interpretado por Gary Oldman, é a Bíblia. Ambos sabem o poder que ela tem. E, segundo o filme, esse poder é tanto que foi o estopim para a guerra que destruiu o planeta – e, por isso, todos os exemplares foram queimados. O que Eli carrega pode ser o último deles. O papel de Gary Oldman merece destaque. Ele encarna um dos únicos homens que sabem como usar a palavra da Bíblia para manipular as massas.