Estreando na televisão, Letícia Birkheuer contracena com atrizes consagradas

Ainda hoje, Letícia Birkheuer não esquece do nervosismo que marcou o seu primeiro desfile internacional. Momentos antes de entrar na passarela, onde desfilaria a novíssima coleção do estilista italiano Valentino, a modelo tinha a boca seca e as pernas, trêmulas. ?O desfile do Valentino é sempre um dos mais concorridos do planeta. Todas as modelos do mundo sonham em desfilar para ele?, justifica. Quando debutou como atriz de novelas, Letícia voltou a sentir os mesmos sintomas. Também pudera. Intérprete da modelo Érica Assumpção em Belíssima, deu os seus primeiros passos na nova profissão entre duas das mais respeitadas representantes do gênero, Glória Pires e Fernanda Montenegro, que interpretam, respectivamente, Júlia e Bia Falcão. ?É lógico que vou me sentir insegura ao lado de duas atrizes que já fazem televisão há mais de 30 anos. Sempre penso: ?Será que estou fazendo certo? Será que vai ficar legal?? Mas, graças a Deus, elas estão me dando o maior apoio?, agradece.

Apesar de possuir um currículo invejável, que a inclui no ranking das 20 mais bem pagas da alta costura internacional, Letícia não entrou para a Globo por indicação ou coisa parecida. Ao lado de outras 50 modelos – e algumas atrizes também, teve de fazer testes como todo mundo. ?À primeira vista, Letícia chamou a nossa atenção por ser linda. E, depois, por saber falar bem, entender um texto, coordenar as emoções e, principalmente, transmití-las para o público?, enumera o autor Silvio de Abreu. Mesmo depois de aprovada nos testes, Letícia não se descuida de sua formação. Embora já tenha feito um curso de interpretação em Nova York, a moça tem tido aulas de voz, dicção e expressão corporal. ?Não é porque eu já fiz uma cena legal que vou me dar por satisfeita. De jeito nenhum… O aprendizado é constante. Vou ter sempre outras cenas legais para fazer, outros atores bacanas para contracenar e assim por diante?, raciocina.

Com fala rápida e gestos expansivos, Letícia explica que a recente mudança que aconteceu em sua vida não foi apenas profissional. Depois de cinco anos morando em Nova York, decidiu mudar também de endereço domiciliar. Modelo desde os 18, reclama que a falta de um lugar para chamar de seu é uma das muitas agruras da profissão. Afinal, numa mesma semana, ela pode estar desfilando em Milão na segunda, fazendo fotos para a Helena Rubinstein em Paris na quarta, e assinando um novo contrato milionário em Londres no sábado. ?Até tenho a minha casa, mas, passo tão pouco tempo lá, que quase não dá para chamá-la de casa, poderia muito bem ser um quarto de hotel?, queixa-se. Hoje, porém, a mais nova moradora da Lagoa, na Zona Sul do Rio, pode se dar ao luxo de almoçar no mesmo restaurante duas vezes na mesma semana, matar saudade dos amigos com mais freqüência e, o que é melhor, curtir a família sem precisar enfrentar nove horas de vôo. ?Carreira de modelo é igual a de um esportista: curta e rápida. Mesmo assim, ela costuma ensinar muitas coisas e abrir algumas portas também?, ressalva.

Das muitas portas que a carreira costuma abrir, Letícia já entrou em, pelo menos, uma delas: a de atriz. Mas, se ingressar na profissão não foi fácil, permanecer nela pode ser menos ainda. Com pouco tempo de Belíssima no ar, Letícia já sofreu as primeiras críticas por parte da imprensa. Mas, em vez de ficar desmotivada ou pensar em desistir, a ex-atacante do Sogipa, de Porto Alegre, lembra dos tempos de vôlei para tentar reverter a situação. ?O esporte criou em mim um saudável espírito de competição. Desde os tempos de jogadora, sempre busquei ser a melhor em quadra?, avisa. Com a mesma determinação com que chegou à equipe juvenil da seleção brasileira, Letícia Birkheuer pretende abrir outras portas em breve. Uma delas é a de dona de sua própria agência de modelos. A outra é de empresária no ramo de licenciamento de cosméticos. ?O ser humano é melhor quando, ao se levantar da cama todos os dias, pensa que tem algo de novo para aprender. Sem objetivos, não sou ninguém na vida?, ensina. 

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