Espetáculo discute com ironia o pesadelo da guerra

A partir da história de seu pai, que sobreviveu a quatro campos de concentração durante o nazismo, a autora e atriz paulista Renata Jesion escreveu 121.023 J, espetáculo que o Teatro da Caixa apresenta neste final de semana.

A peça conta a história de um rapaz de 17 anos que sai de casa para comprar pão e, no caminho de volta, é levado sem nenhuma explicação para uma nova realidade, um campo de concentração, onde é considerado culpado por algo que ele não consegue se lembrar.

O título da peça é uma alusão aos números tatuados nos braços dos prisioneiros durante a 2.ª Guerra Mundial. O espetáculo é o resultado do trabalho dramatúrgico da autora nos últimos cinco anos, através de entrevistas com o homem em quem esta história se inspira. 121.023 J, que tem direção de Ariela Goldmann, é apresentado como um “pequeno épico de estações” onde acompanhamos a trajetória picaresca de um rapaz num mundo que, de tão terrível, parece impossível de existir.

De acordo com a autora, a dramaturgia do espetáculo discute a essência do homem, “sem deixar de perceber que as situações representadas dizem respeito a todas as populações e grupos étnicos, permitindo a identificação direta entre o espectador a obra encenada”, explica ela.

Embora trate de temas áridos como a guerra e o holocausto, o texto de Renata Jesion se desenvolve entre o realismo e o lirismo, mas é carregado de fino humor e ironia. Renata, que já trabalhou com Antunes Filho, Gerald Thomas e Dionisio Neto e atua no filme Olga, contracena em 121.023 J com Zemanuel Piñero e Mauro Schames.

Serviço

Espetáculo 121.023 J. De 23 a 26 de outubro, no Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Laurindo, 280 – Edifício Sede II). Quinta a sábado, às 21h, e domingo às 19h. Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00 (clientes, idosos e estudantes).