E os cegos fotografam

Acontece em Londrina as atividades do projeto A Expressão Fotográfica e os Cegos, desenvolvido desde fevereiro pela artista plástica Fernanda Magalhães e pela jornalista Karen Debértolis, junto aos alunos do Instituto Londrinense de Instrução e trabalho para Cegos. A proposta é inspirada no trabalho do fotógrafo esloveno naturalizado francês Evgen Bavcar. Ele e a fotógrafa mineira, Eliane Veloso, também cega, darão workshop a partir da terça-feira.

Até sexta, haverá mesas-redondas, saídas fotográficas, workshops, lançamento de livros, exibição de filmes, vídeos e exposição Vistas Táteis1, que abre depois de amanhã no Museu de Arte de Londrina. Amanhã, às 10h, será exibido o filme Janela da Alma, documentário de Walter Carvalho e João Jardim, que mostra depoimentos de pessoas com deficiências visuais, das mais tênues à total.

Vistas Táteis1 ocupará dois pisos do Museu de Arte de Londrina. No térreo, serão expostas 41 obras de Bavcar, todas inéditas, no Brasil. No segundo piso, os trabalhos dos alunos. A rampa que liga os dois pisos vai se transformar numa espécie de caixa-preta, totalmente escura, imitando o universo dos deficientes visuais. Lá, o visitante ouvirá depoimentos dos alunos cegos, com a descrição de como eles imaginam que ficaram as fotos. Assim, o espectador poderá criar as imagens internamente, na sua memória, e só depois irá ver os trabalhos. As imagens estarão acompanhadas por textos escritos em braile. A curadoria da exposição é de Fernanda Magalhães e Ricardo Resende.

O fotógrafo Evgen Bavcar, libriano de 1946, tinha 10 anos de idade quando perdeu a vista esquerda num acidente com um galho de uma árvore. Aos doze, um detonador furou seu olho direito. Após o acidente Bacvar foi perdendo sua visão pouco a pouco, e em oito meses estava totalmente cego. Doutor em Filosofia e Estética pela Universidade de Paris I (Sorbone), hoje ele se dedica à fotografia, desenvolve filmes e estudos no Centro Nacional de Pesquisas Cietíficas de Paris.

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