Dos quadrinhos para as telas do cinema

Foto: Cinema em cena

A moto em chamas é a grande companheira de Blaze em suas aventuras.

Ghost Rider, o Motoqueiro Fantasma é o tipo de filme que os fãs dos quadrinhos vão adorar. Está tudo ali. O longa dirigido por Mark Steven Johnson, que estréia hoje nos cinemas brasileiros, é fiel ao caráter de um dos menos conhecidos, mas nem por isso menos interessantes, heróis Marvel, que surgiu em 1972, no Marvel Spotlight número 5. Quem é fã deste nada politicamente correto comic book sabe disso. Já os não tão afeitos aos quadrinhos e à avalanche de filmes, digamos, um tanto quanto juvenis que têm despencado nas salas de cinema de todo mundo podem torcer o nariz para a adaptação cinematográfica da lendária história de Johnny Blaze, um dublê e motoqueiro que vende sua alma ao demônio para salvar a vida do pai. Como revés, todas as noites ele é tomado pelo ?espírito da vingança? e se transforma em uma criatura com a cabeça em chamas que vaga sobre uma motocicleta de fogo.

Mas, admitamos, Ghost Rider, o filme, tem alguns trunfos. Na pele do motoqueiro, ninguém menos que Nicolas Cage, que, apesar de afirmar que não lê mais quadrinhos, diz ter crescido lendo as histórias de heróis e fez de tudo para viver o Super Man no cinema. A tentativa foi em vão. ?Mesmo assim, estou feliz de não ter feito Super Man porque, no fim, sei que Ghost Rider é um herói que me permitiu fazer um filme muito mais pessoal?, garante ele, que ganhou companheiros que dispensam apresentações. O vilão Mephistopheles é ninguém menos que Peter Fonda. A homenagem ao eterno Easy Rider é um dos pontos altos do filme. ?A moto de Blaze é inspirada claramente na moto que seu personagem, Wyatt, pilotava no filme?, conta o diretor Mark Steven Johnson (o mesmo de O Demolidor e Electra). Para completar, o segundo vilão Blackheart é vivido pelo ótimo Wes Bentley (de Beleza Americana) e Eva Mendes é a repórter (e par romântico de Blaze) Roxanne Simpson. Sem contar a atmosfera de western sobrenatural que paira sobre o filme e ganha força quando entra em cena o zelador de um cemitério essencial para a trama: Sam Elliot, ator que personifica como poucos a figura do autêntico caubói americano.

Cage não é a idéia que vem à mente quando se pensa em um herói de quadrinhos. Muito mais fácil lembrar-se do ator de 43 anos como o alco-ólatra de Despedida em Las Vegas. Mas o ator já dava indícios de que adora um filme de ação desde A outra face até o não tão bem-sucedido 60 segundos. Mas o ator americano não só era leitor voraz de quadrinhos na infância e na adolescência como foi de um personagem da Marvel que tirou seu sobrenome profissional. Nicolas Cage é, na verdade, um Coppola, sobrinho de Francis Ford e primo de Sofia. Mas não queria atrelar sua carreira ao clã e, por isso, tomou emprestado de Luke Cage, o primeiro herói de quadrinhos negro que ganhou sua própria série.

Cage diz não temer as críticas. ?Assim como Blaze, eu acredito que temos de tirar proveito de nossos pesadelos. Ele consegue isso. E eu tirei esta lição. Não se pode viver com medo?, diz o ator, fazendo gancho com a realidade de seu país em um curto, mas contundente, discurso contra a atmosfera de medo em que a humanidade tem se refugiado.

Cowboy

Ghost Rider nasceu como um cowboy fantasma que vagava pelas planícies americanas (daí a participação crucial de Sam Elliot no filme). O cavaleiro perdeu o trono para o motoqueiro e passou a chamar-se Night Rider e, finalmente Phantom Rider. O fato é que o motoqueiro Johnny Blaze faz manobras impensáveis para um humano. Sua proteção contra saltos suicidas vem de um sobrenatural acordo com o demônio, que tomou sua alma em troca de salvar a vida de seu pai. Dublê de dia, vingador esqueleto em chamas à noite. Esse é Ghost Rider, que surgiu em 1972 como vilão nos quadrinhos de O Demolidor, mas que, em 1973, ganhou sua própria série sob o comando dos roteiristas Roy Thomas e Gary Friedrich, e a arte de Mike Ploog.

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