Diretor de jornalismo do SBT diz que seriedade é a marca dos novos projetos

Nas últimas semanas, a pergunta que o jornalista Luiz Gonzaga Mineiro mais ouviu foi: "Mas será que agora é pra valer?". Sempre que convidava alguém para reforçar o departamento jornalístico do SBT, o novo diretor nacional da emissora era sempre sabatinado sobre a famosa "volatilidade" de Silvio Santos. Afinal, é notória a pouca importância que o apresentador e empresário sempre deu ao jornalismo dentro do SBT. Mas, para todos que o questionavam, Ana Paula Padrão, inclusive, Mineiro respondia sempre que, desta vez, o investimento era "sério, grande e responsável". "O Silvio, finalmente, percebeu que um jornalismo forte atrai anunciantes e público formador de opinião. Ainda nem estreei o telejornal da Ana e ele já me cobra novos projetos", observa, confiante.

O primeiro projeto de Mineiro dentro do jornalismo do SBT será a criação de um telejornal diário em horário nobre, com Ana Paula Padrão à frente da bancada. A estréia está prevista para a segunda quinzena de julho, em horário ainda não definido. Para tanto, o SBT está montando uma equipe de 120 profissionais, 80 deles jornalistas, que vão reestruturar as redações do Rio, São Paulo e Brasília. Além disso, Mineiro pretende ainda padronizar os telejornais regionais, criar novas sucursais e contratar correspondentes no exterior. Até o momento, já disponibilizou repórteres em oito diferentes pontos do planeta, como Washington, Jerusalém e Tóquio. "Buscamos uma linguagem coloquial, que fale com públicos de A a Z. Informação é possível de se obter em qualquer lugar. Mas traduzir a notícia é algo complicado, que pretendemos fazer", avisa.

P – Você trabalhou no SBT de 89 a 98. Por que decidiu voltar?

R – Porque o SBT hoje é uma outra emissora, mais amadurecida, organizada e profissional. Além disso, a visão de mercado e empresarial do Silvio me impressionou muito. Finalmente, ele percebeu que retomar o núcleo de telejornalismo era uma necessidade. Por mais audiência que uma emissora tenha, se ela não tiver um jornalismo forte, é vista como desimportante pelo mercado. Por isso mesmo, queremos formar um time só com gente de primeira linha.

P – De quem foi a idéia de contratar a Ana Paula Padrão?

R – Foi uma junção de interesses. Quando passei pelo SBT da primeira vez, levei o Boris Casoy para lá. Mas o público não tem paciência para esperar a formação de um novo Boris. Por isso, precisávamos de um nome forte. Bastou anunciarmos a contratação da Ana Paula para a fila de anunciantes crescer consideravelmente. Jornalismo não é para ser temido ou vendido. É para ser respeitado. Queremos fazer um jornalismo sério e respeitável no SBT.

P – Mas dá para competir com a Globo em termos de jornalismo?

R – Sinceramente, não. Ela possui uma base que não tem mais tamanho. O que estamos fazendo é conversar com jornalistas que trabalham para a mídia impressa no exterior e contratá-los como "free-lancers". Montar escritório lá fora é muito caro. Mas já fechamos oito equipes: Washington, Nova York, Londres, Roma, Tóquio, Buenos Aires, Sidney e Jerusalém. Fiz isso na Record e deu certo. Quando houve o atentado em Madri, entramos antes que todo mundo…

P – A que horas deve ir o telejornal da Ana Paula?

R – Deve ser entre 19h e 21h. Não dá para ser muito cedo porque o público formador de opinião ainda não chegou em casa. Também não pode ser muito tarde porque há um esgotamento natural da informação. Solicitamos pesquisas, mas ainda não analisamos os resultados. O que posso dizer é que acabou a fase do "achismo" no SBT.

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