O Instituto Jacob do Bandolim descobriu em seus arquivos curiosas gravações de choros, apenas com bases instrumentais, sem a presença do solista. Eram os playbacks dos LPs Chorinhos e Chorões (1961) e Primas e Bordões (1962), gravados por Jacob e seu novo grupo: Dino, César, Carlinhos, Jonas e Gilberto -que Jacob batizaria anos depois com o nome de Conjunto Época de Ouro -, complementados por um contrabaixo e uma valiosa seção rítmica.
Jacob, que não abria mão de uma novidade tecnológica, foi um dos primeiros a se utilizar do playback, ou seja, gravar a base instrumental em separado do solo.
Embora tivesse condições para gravar o bandolim naquele momento, Jacob optava por levar para casa a fita com o acompanhamento gravado e ensaiava exaustivamente com o gravador, revendo nos mínimos detalhes, para só então chegar à forma final de seu solo. O resultado desse processo foram gravações que beiram a perfeição.
Ao serem descobertos, depois de 45 anos perdidos, esses playbacks revelaram um outro aspecto de imenso valor: os segredos do acompanhamento sem a presença do bandolim-solo que, ao ser sobreposto na gravação final, escondia involuntariamente preciosos detalhes, agora revelados de forma inédita.
Surgem a cada frase novas linhas sonoras produzidas pelo encadeamento dos violões -o Época de Ouro era o único grupo que utilizava três violões, um de sete cordas e dois de seis – e pelos desenhos rítmicos do cavaquinho, pandeiro e percussão, num entrosamento perfeito, fruto de horas de ensaio comandados por Jacob.
O lançamento do álbum Tocando com Jacob – Partituras e Playbacks, com o patrocínio da Petrobras, contendo partituras, gravações originais e seus playbacks, revela um documento de personalidade própria, matéria-prima refinada, no que concerne ao aprendizado do choro e ao fortalecimento de nossa cultura, compromissos fundamentais do Instituto Jacob do Bandolim.
No próximo dia 14 de fevereiro, data do aniversário do mestre do bandolim, acontecerá o show de lançamento. A noite será de sonhos, com a presença do conjunto Época de Ouro, que há décadas vem preservando a essência do choro, e de grandes discípulos de Jacob, que o presentearão com novas leituras de seus clássicos, luxuosamente acompanhados pelos seus eternos playbacks.
O Instituto Jacob do Bandolim (IJB) em parceria com a Petrobras, está prestando um serviço inestimável à cultura brasileira.
O projeto Tocando com Jacob partiu de um diamante bruto, que depois de lapidado, resultou na reedição de dois discos de Jacob e o conjunto Época de Ouro – Chorinhos e Chorões (61) e Primas e Bordões (62). Este material traz as gravações originais remasterizadas, mais as gravações apenas das bases, sem a presença do solista, além da edição de um caderno de partituras comentadas para o deleite dos estudantes de música e amantes do choro em geral. Ou seja, músicos e leigos poderão se debruçar de forma inédita sobre a vasta obra do autor de Noites cariocas.
O projeto nasceu graças a um achado do IJB, ao pesquisar o acervo da família do músico, que em meio a um garimpo, descobriu algumas fitas apenas com bases instrumentais, os playbacks.
Depois de examinadas, constatou-se que tratavam dos playbacks desses dois discos, os quais Jacob usava para ensaiar com o gravador até obter o resultado esperado com seu bandolim, o que resultou em gravações que beiram a perfeição.
Para celebrar tamanha descoberta, o Instituto Jacob do Bandolim (IJB) e a Petrobrás promovem um show que reúne os maiores expoentes do instrumento no Brasil – sem dúvida, todos eles influenciados pelo mestre maior.
O recital reunirá o tradicional conjunto Época de Ouro, além de solistas de quilate de Déo Rian, Joel Nascimento, Hamilton de Holanda, Izaías Bueno, Pedro Amorim e Ronaldo do Bandolim, estes acompanhados pelos famosos playbacks, gravados nos anos 60, por um timaço de grandes instrumentistas, como os violinistas César Faria, Carlinhos Leite e Dino 7 Cordas, e o cavaquinista Jonas Silva, todos contemporâneos de Jacob.
Estão previstos encontro inéditos de solistas no palco, como o casamento entre os bandolins de Pedro Amorim e Joel Nascimento, e o de Déo Rian e Hamilton Holanda.
Para ilustrar mais a noite, dois ?stradivarius?, os bandolins de Jacob estarão iluminados no palco nessa data que promete perpetuar ainda mais o nome e a obra de um grande pioneiro chamado Jacob Pick Bittencourt, ou melhor, Jacob do Bandolim.