Deficiente físico também tem direito à cultura

Em busca de proporcionar cultura aos diversos tipos de deficientes físicos e mentais, algumas entidades já começaram a trabalhar na tentativa de atender esse tipo de público, contudo, o número de opções culturais para estas pessoas passa longe das opções que as pessoas sem qualquer tipo de deficiência possuem. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 10% da população mundial apresenta algum tipo de deficiência, no Brasil, País com um dos maiores índices de acidente no trabalho, 14% da população possui deficiência.

Em palestra realizada no último dia 30 de maio na Casa Andrade Muricy, em Curitiba, a educadora e coordenadora da Pinacoteca de São Paulo, Amanda Tojal, falou que a sociedade deve se acostumar a conviver com deficientes freqüentando os mesmos espaços que as demais pessoas. ?A inclusão é o primeiro passo para a sociedade melhorar?, disse. Para ela, cabe às instituições culturais e ao governo fazer parcerias para que os espaços tenham as condições de atender aos diversos tipos de público.

Os locais a serem visitados pelos deficientes não ficam restritos aos museus. Essas pessoas também se interessam por teatro, cinema e outras opções que muitas vezes se tornam distantes devido a ausência de uma rampa que substitua uma escada, ou um elevador.

Com corredores amplos, o 
MON permite fácil acesso
aos deficientes físicos.

No caso dos deficientes mentais, Amanda defende que os espaços possuam pessoas treinadas para recebê-los. Em Curitiba, um local que serve de exemplo no atendimento à deficientes físicos é o Museu Oscar Niemeyer (MON). Com acesso por meio de corredores largos e rampas, o museu ainda possui uma equipe de monitores para ajudar em caso de necessidade, mas não há nenhum educador para atender visitantes com deficiência mental. O Teatro Guaíra é outro local que comporta esse tipo especial de público. Segundo o diretor administrativo do teatro, Altair Dorigo, o único auditório que não possui entrada para deficientes físicos é o miniauditório. ?Fizemos o projeto de uma rampa mas não foi viabilizado pela Prefeitura?, disse.

Com experiência no trabalho com deficientes mentais, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Curitiba realiza atividades artesanais como forma de inclusão social e cultural com diversas turmas. Segundo o diretor da Unidade de Santa Felicidade, Custódio Matias Oliveira, eles atendem 213 alunos com diversos tipos de turmas. Na área da cultura os alunos podem entrar no coral ou nas atividades de artesanato e costura. Entre as atividades artesanais estão a construção de caixas de madeira para presente, porta-tempero, porta-retrato e bordados. As caixas de madeira serão vendidas na Feira de Artesanato do Botânico e da Santa Rita. Hoje a empolgação dos alunos fica por conta da Festa Junina com churrasco e bingo, aberta ao público a partir das 10h.

Um programa que vem atendendo milhares de pessoas – deficientes, idosos, crianças e hospitais – é o Rede Sol, desenvolvido pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Desde 1997, o programa já atendeu 130 mil pessoas. Utilizando diversas linguagens, artistas visitam as instituições permitindo a várias pessoas o acesso à cultura. Entre as atrações do mês estão: Elton Dyguara, Edy Jammaica, André Dechamps (músicos), Grupo de Teatro Faz de Conta, exibição de filmes, etc.

Quadrinhos

Famoso pelos gibis da Mônica, Cebolinha e Cascão, Maurício de Sousa lançou durante a Feira do Livro, no Rio de Janeiro, mês passado, a coleção Conheça a Turma. Nela os personagens são apresentados em braile, possibilitando aos deficientes visuais a leitura de suas histórias. O trabalho foi realizado em parceria com a Fundação Dorina Nowill para Cegos. Segundo dados do IBGE (2000), no Brasil 16,5 milhões de pessoas possuem alguma deficiência visual e aproximadamente 160 mil são totalmente cegas.

Cinema

Um dos filmes que aborda a deficiência com maestria foi Meu pé esquerdo (1989). Nele é contada a história de Christy Brown (Daniel Day-Lewis). Filho de uma humilde família irlandesa, ele nasce com uma paralisia cerebral que lhe tira os movimentos do corpo, com a exceção do pé esquerdo. Com apenas este movimento Christy consegue, no decorrer de sua vida, se tornar escritor e pintor.

Serviço

Os interessados em participar no Programa Rede Sol podem entrar em contato com a coordenação do programa, pelo telefone (41) 321-3216. A Unidade Santa Felicidade da Apae (atendendo maiores de 14 anos) atende pelo telefone (41) 3372-2625.

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