Cristovão Tezza analisa a marginalidade do escritor

O escritor Cristovão Tezza passou sábado, 5, recebendo tapinhas nas costas e um pedido que se repetia: todos queriam cópia do discurso que ele fizera na véspera, abrindo a 7ª edição do Festival da Mantiqueira. “Não entendo o motivo para tanto barulho, pois escrevi aquele texto em poucas horas”, dizia Tezza, sem falsa modéstia.

Na verdade, as treze laudas, que foram lidas em cerca de 40 minutos, trazem uma lúcida visão da posição do escritor em meio ao mundo moderno, em que a opção pela solidão em busca de inspiração contrasta com uma tecnologia que aproxima todos com simples digitar de teclas.

Tezza se aproveitou do tema do festival deste ano, a literatura à margem, para mostrar como seus artífices também vivem e trabalham em campos limítrofes, vivendo em um jogo em que se ora ataca, ora se defende. Professor de profissão, Tezza elaborou um discurso em que apresenta um panorama da atuação do escritor ao longo dos anos até chegar ao domínio da internet.

E ele vê benefício. “O que acontece agora é que a internet – como parte importante de um processo complexo de urbanização e modernização da sociedade brasileira – está trazendo para o mundo da escrita uma população que jamais escreveu nada”, afirma. “O trânsito da informação literária, onipresente na rede, a criação de blogs e revistas digitais, o advento e a crescente popularização do e-book, a troca instantânea de informações, o acesso praticamente infinito às referências bibliográficas, o barateamento das publicações, o imenso potencial publicitário digital em torno do livro – enfim, é fácil demonstrar como a internet abriu caminhos e melhorou intensamente a vida de quem se aventura a escrever.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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