Conversando com Tauanny

Ela chegou de surpresa em meu apartamento. Um charme: usava um vestido longo, por cima um casaquinho, (quase um bolero) botas de cano alto, no último ?grito da moda…? Não faltaram os pequenos detalhes: brincos, broche, anel de prata com pedrinhas coloridas, as unhas impecáveis, pintadas de esmalte branco e o desenho de uma pequenina flor em cada unha… Ah! O cabelo também estava muito lindo! Chegou e me abraçou, risonha…Nos encontramos pela primeira vez, faz mais de um ano, em Paris. Sempre lembro de sua decepção ao nos despedirmos, depois de poucos dias de convivência.

Tauanny mora em Paris, com a mãe, Cleusa. Era um encantamento ouvi-la falar português com sotaque parisiense. As duas estão aqui em Curitiba, por diversas razões, inclusive para rever os avós Adail e Teresa. Dia 30 deste mês, Tauanny completará onze aninhos e ambas já estão com as passagens de volta a Paris marcadas para o dia seis de agosto! E, então, vai ser a minha vez de dizer: ?Ah! Não!?.

Conversamos bastante, apesar dela esquecer de vez em quando alguma palavra em português. Era engraçado procurar a palavra que se adaptava àquilo que ela queria contar. Pois é: o ensino básico escolar, na França, lembra os CIEPS que haviam sido criados no governo de Leonel Brizola, sendo seu secretário de Educação, o antropólogo Darci Ribeiro. São turmas de apenas vinte alunos. As crianças passam o dia todo na escola: após cada aula, elas saem da sala e vão brincar no pátio. Almoçam na escola mesmo. Assim, elas têm bastante tempo para brincar e estudar.

Comprei-lhe um livro infanto-juvenil, que fala das lendas brasileiras. Sei que ela mal lê em português, mas Cleusa está fazendo questão de ensinar a filha a ler e escrever nossa língua, que é tão bonita!

Margarita Wasserman é escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

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