Entrevista!

Com projeto que envolve orquestra, Frejat fala da importância de mostrar novos projetos ao público

“É importante termos a música pop trazendo as pessoas para a música erudita”, assim explica Frejat sobre a força que tem quando dois estilos musicais se juntam. E é dessa forma que o cantor, um dos mais respeitados quando o assunto é a música nacional, se apresenta nesta quarta-feira (26), com ingressos esgotados, na Ópera de Arame, acompanhado de uma orquestra sinfônica regida pelo maestro Carlos Prazeres, um dos mais requisitados atualmente. O show é um verdadeiro passeio pela história de Frejat, mas com um visual totalmente novo.

Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

“É bem diferente. Toco uma bela parte do meu repertório, algumas composições do Barão Vermelho e do meu trabalho, mas com o acompanhamento da orquestra. Eu já tinha feito alguns trabalhos com orquestra, mas sempre com uma base onde tinha uma banda de rock e a orquestra chegava em volta. Nesse projeto eu estou junto com a orquestra, não tem uma banda e isso acaba sendo interessante porque a gente trabalha com os arranjos num nível orquestral mesmo. Você percebe que todos os arranjos dão uma cor diferente do que estamos acostumados num disco de música pop”, comenta Frejat.

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O projeto, chamado de Prudential Concerts, vai rodar várias cidades do país e já passou por Porto Alegre. Em cada cidade, Frejat destacou algo ainda mais legal: a orquestra que toca é local. “Cada cidade tem uma orquestra local e é muito legal ver como as orquestras funcionam, algumas tocam mais para fora, em outras já tocam de uma forma mais delicada, cada uma tem uma característica. Em cada ensaio você percebe a característica da orquestra daquela cidade”, destaca.

Segundo o cantor, que também sabe muito bem comandar um instrumento musical, a chance de estar em contato com orquestras diferentes é ainda mais especial. “Estou tendo uma oportunidade de tocar com músicos de orquestras de várias cidades do Brasil, uma chance de conhecer gente diferente, que tem outra formação. Estou curtindo demais fazer esse espetáculo, muito mesmo”.

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Arranjos novos, músicas conhecidas

As canções tocadas no show são conhecidas (algumas mais, outras menos), mas o que muda, para os fãs (e também para o próprio Frejat) é ver o quanto fica diferente o som com uma orquestra tocando junto. “Tem arranjos belíssimos e o mais emocionante é ver a reação do público ouvindo um arranjo diferente para a música. Isso é uma coisa que me estimula como artista, porque você conseguir levar sua música para outro contexto é sempre uma novidade, uma renovação. É uma experiência diferente, que te enriquece”, comenta Frejat.

Foto: Reprodução/Instagram.
Foto: Reprodução/Instagram.

O eterno ‘comandante’ do Barão Vermelho afirma que algumas músicas continuaram como eram. “A gente não tem obrigação de ficar mudando por mudar, eu acho que muitas vezes a gente faz coisas que a gente vai tocar a vida inteira do mesmo jeito, porque elas têm que ser tocadas daquela forma. Mas tem coisa que se você colocar de outra maneira, ela vai ficar diferente e interessante. Não fica nem melhor, nem pior, é simplesmente diferente e isso é bacana”.

Frejat disse que já percebeu o quanto a integração da sua voz, com sua música e a orquestra fazem com que os fãs saiam com outro olhar do teatro. “O público acaba vivendo isso e eu também. O público e eu vivemos a mesma coisa: a música num outro contexto e a gente acaba curtindo juntos, isso é muito legal”.

Das músicas, Frejat destacou duas que, para ele, são grandes realizações. “Túnel do Tempo é uma música que tem um arranjo muito bonito, muito rico, ficou interessante. Mas nesse show tem uma coisa especial que é a música Tudo Ainda, que gravei em 2017 e lancei em 2018, que foi gravada com uma orquestra”.

Frejat disse que nunca teve a chance de tocar Tudo Ainda em seus shows, pois existe a dificuldade de levar a orquestra ao palco, pela logística. “E agora estou tendo a oportunidade de tocar essa música como foi gravada e em todas as cidades onde eu dificilmente teria condições de executar ao vivo. Além disso, estamos fazendo com arranjo original, isso também é uma realização, de poder executar uma música do jeito que ela merece ser executada”.

No show, a grande surpresa, na avaliação do cantor, está o fato do novo: da mistura do rock com a música clássica. “É realmente uma surpresa, pois as pessoas não têm ideia de como ficam bonitas as canções com a orquestra. A gente tem costume de pensar em orquestra sempre como uma coisa mais instrumental ou de Ópera, mas quando vai para o canto popular isso vai para um lugar completamente diferente e é muito legal”, explica.

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Sem ranço, mais cultura

Como destacou Frejat, orquestra sempre foi sinônimo de uma música mais ‘requintada’, que nem sempre agrada a todos os públicos. Acontece que isso mudou ao longo dos anos e o projeto tem, também, o objetivo de tirar esse ‘ranço’ que ainda existe nas pessoas. “E isso é uma coisa que eu tenho percebido. Hoje, se o rock já é considerado como música de outra geração, imagina para a musica erudita, como é que sentem isso em relação ao público jovem. Por isso que julgo importante termos a música pop trazendo as pessoas, porque a música erudita enriquece o ouvido da pessoa”.

Para Frejat, ouvir o som dos instrumentos juntos formando o arranjo musical diferente do que estamos acostumados a ouvir faz com que melhoremos nossa percepção do que é música. “Todas as texturas, as cores que uma orquestra pode oferecer com a variedade de instrumentos que tem, só enriquece o seu conhecimento musical. Ajuda a ter um gosto musical mais apurado”.

Demonstrando realização pessoal, além da profissional, Frejat disse estar feliz com o projeto. “Fico mesmo, muito feliz, em participar deste tipo de iniciativa, porque acho que é fundamental. Da mesma maneira que eu acho que é fundamental a educação musical no Brasil, como fui atrás e, junto com outros artistas, brigamos no Ministério da Educação para virar uma lei. Virou, mas infelizmente é uma daquelas leis que são pouco praticadas”.

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Amor por Curitiba

Ele, que já se apresentou em Curitiba de todos os jeitos possíveis: só com violão, com banda, em palcos pequenos, médios e grandiosos, como o da Pedreira Paulo Leminski, quando tocou no Prime Rock Brasil, no ano passado, disse estar feliz em voltar a cidade com este novo projeto. “Aqui tem um público que tem a ver com meu trabalho, sinto que existe uma identificação bacana”.

Para Frejat, público de rock estava carente de um festival como o Prime Rock Brasil. Foto: Lucas Sarzi
Para Frejat, público de rock estava carente de um festival como o Prime Rock Brasil. Foto: Lucas Sarzi

Segundo Frejat, embora o projeto atual esteja lhe fazendo brilhar os olhos, todos os contextos o agradam. “O show de voz e violão é um show muito poderoso, porque estou ali sozinho e a minha relação com a plateia é muito intensa no sentido de que dependo que ela fique muito atenta e concentrada. Por outro lado, show com banda tem outra energia de troca com a plateia. De qualquer forma, me sinto feliz por ter a chance de trazer a Curitiba todos os tipos de show, porque teve uma época que fiquei um pouco distante da cidade e voltar me dá uma alegria enorme”, conclui.

Além de Porto Alegre e agora Curitiba, o projeto ainda vai percorrer outras cidades do país. Com Frejat, o Prudential Concerts vai passar, até outubro, por Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. A expectativa é que mais de 6.000 pessoas prestigiem os shows. É uma chance boa de ver um show diferente, que une dois jeitos de fazer música numa fusão tão bem feita que o público vai querer bis.

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