Cleo Pires diz que superou trauma para aceitar papel em filme

Cleo Pires diz que teve de superar “um trauma emocional” antes de aceitar o papel de Ana Terra no filme “O tempo e o vento”, que estreia em 27 de setembro. Na entrevista coletiva, ontem, em São Paulo, a atriz atribuiu a dificuldade ao fato de sua mãe, Glória Pires, ter vivido exatamente o mesmo papel na minissérie exibida na Globo em 1985. Cleo, no entanto, reconheceu depois que “trauma é (um termo) muito forte”.

“Mas é que tenho uma coisa muito protetora com a minha mãe”, justificou. “Eu era muito pequena e assisti àquilo, não conseguia separar minha mãe da Ana Terra. Realmente fiquei com pavor quando o Jayme me convidou. A primeira coisa que falei foi “Não’.”

Jayme Monjardim, que dirige o filme baseado na obra de Érico Veríssimo, disse que passou oito meses tentando convencer Cleo a aceitar o convite. “Depois da Fernanda (Montenegro), a Cleo foi a pessoa mais difícil para fazer o filme.”

Intérprete de Bibiana, personagem central e narradora do longa, ela foi a própria condição para que o filme existisse, segundo o diretor. “Eu pensei que este filme tinha que ter uma visão feminina, não queria uma visão masculina. queria fazer o filme através do olhar da Bibiana pelo seu grande amor. Eu disse: “Se eu não tiver a Fernandona, não faço o filme’.”

Na juventude da personagem, Bibiana é vivida pela curitibana Marjorie Estiano ( com Cleo na foto). O par de ambas é o herói da trama, Capitão Rodrigo (Thiago Lacerda). O elenco tem ainda Paulo Goulart, Cesar Troncoso, Susana Pires e Vanessa Lóes.

Superprodução

O longa custou R$ 13 milhões, teve o roteiro reescrito 27 vezes e, segundo a produtora Rita Buzzar, será uma alternativa às comédias nacionais. Ela acha que produções do gênero estão “cumprindo um papel importantíssimo, mas gostaria de, com um drama, quebrar esse muro e encantar o público”.

História

O filme conta a história da família Terra Cambará e de sua principal opositora, a família Amaral, durante 150 anos, das  Missões até o final do século XIX. Sob o ponto de vista dessas duas famílias, são retratadas a formação do Rio Grande do Sul, a povoação do Brasil e a demarcação de suas fronteiras, forjada a ferro e espada pelas lutas entre as coroas portuguesa e espanhola.