Cláudia Abreu agradece ao autor a vilã que lhe deu de presente

Sempre que inicia um novo trabalho, Cláudia Abreu evita criar expectativas. Até mesmo para não se decepcionar. Desta vez, não foi diferente. Mas vilã de Gilberto Braga, pondera ela, é sempre vilã de Gilberto Braga. Na galeria do autor, há, pelo menos, duas inesquecíveis: Yolanda Pratini, interpretada por Joana Fomm em Dancin’ Days, e Maria de Fátima, vivida por Glória Pires em Vale Tudo. Desde já, a dissimulada Laura, de Celebridade, figura entre as mais sórdidas criadas pelo autor. Com um misto de cinismo e amoralidade, a abjeta personagem mereceu sátira no Casseta & Planeta, Urgente!”, virou matéria de comportamento no Fantástico e, principalmente, roubou todas as cenas de Celebridade. “Não esperava que a Laura causasse essa discussão toda. Mas novela no Brasil sempre ganha uma proporção enorme. Sempre que você entra numa novela, pode esperar por tudo!”, admite.

Esbanjando modéstia, Cláudia Abreu atribui o sucesso da personagem a Gilberto Braga. Para ela, Laura reuniu dois componentes fundamentais para despertar a empatia do público: um senso de humor apuradíssimo e uma amoralidade quase rodrigueana. “Ela não é má o tempo todo. É divertida também. E as pessoas divertidas são sempre as mais populares da turma”, observa. De fato, as tiradas de Laura em Celebridade são sempre muito divertidas. Entre outras, ela só se refere a Renato Mendes, personagem de Fábio Assunção, como “lourinho beiçudo” e a Maria Clara Diniz, de Malu Mader, como “come-e-dorme” e “mala”. Já chegou a se referir a Nina, filha de Maria Clara, como “frasqueirinha”… “O mais importante é o personagem ter nuances. É legal você estar sempre surpreendendo o público. Senão, ele se cansa de uma coisa só”, acredita.

Várias Lauras

Desde o início de Celebridade, Cláudia já interpretou várias Lauras numa só. Para conquistar a confiança de Maria Clara, fingiu ser boazinha e subserviente. Depois, posou de moça de família, sonhadora e imaculada, para arrebatar o coração de Renato Mendes. Em seguida, virou a melhor amiga de Beatriz, personagem de Deborah Evelyn. Enquanto isso, exercia o lado mais obscuro de sua personalidade, como uma autêntica “dominatrix”, com o “michê” Marcos, vivido por Márcio Garcia. “Vai levar um tempo até eu me livrar da pecha de ‘cachorra’…”, brinca ela, encabulada, durante a sessão de fotos.

Com tantas nuances, Laura caiu nas graças do público. Mais até do que a própria heroína da história… Quando sai às ruas, Cláudia ouve todo tipo de comentário. De broncas bem-humoradas, como “Nossa, mas você está terrível!”, a observações debochadas, do tipo “Apanhou, hein? Não tá machucada, não?”. “Algumas pessoas torcem pela Laura porque ela não é uma vilã clássica, tradicional. Ao mesmo tempo que sente raiva, o pessoal ri com ela. É um caso de amor e ódio”, resume.

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