Cinema nacional com cada vez mais prestígio

O humor agregado às situações presentes no cotidiano de qualquer brasileiro levaram o filme A mulher invisível, de Cláudio Torres, a superar a marca de um milhão de espectadores desde que foi lançado, no último dia 5.

Com esse público, o filme se tornou o primeiro na lista das maiores bilheterias do último final de semana em todo o Brasil, superando a lucrativa marca de R$ 1,8 milhões arrecadados em apenas três semanas de exibição.

O longa nacional desbancou megaproduções americanas como Exterminador do futuro 4, Uma noite no museu 2 e até mesmo o filme sobre a vida da popstar Hannah Montana. Para o diretor, o sucesso de A mulher invisível confirma a boa aceitação dos filmes de comédia nacionais.

“Vejo esse sucesso com muita alegria. Talvez de todos os gêneros cinematográficos, a comédia é o que mais devolve ao autor a reação da platéia. O público ri, aplaude, se cutuca e faz comentários durante a exibição. São sessões animadas, onde o entretenimento coletivo é muito presente”, conta Torres.

O trabalho de produção e dos atores também foi considerado pelo diretor como essencial para tornar o filme bem-sucedido. “Os filmes refletem seus atores, bem como a química entre eles e a maneira como esses profissionais abraçam a história em questão. Em A mulher invisível, Selton e Luana fizeram uma defesa muito sincera e profunda dos seus personagens. E isso aconteceu não apenas com eles, mas também com todo o elenco”, analisa.

Para o diretor, a escolha de atores já conhecidos pelo público também foi importante. “Isso contribui como consequência da qualidade deles como profissionais na televisão. Porém, nem todos os atores são exclusivamente de televisão como, por exemplo, Luana e Selton. Há tempos não os vemos em novelas. Escalei excelentes atores para o longa, é natural que o reconhecimento deles reflita no filme”, avalia.

Além dos filmes de comédia, produções que mostram as mazelas da sociedade e o cotidiano das favelas brasileiras também estão no gosto do público brasileiro. Cidade de Deus, Carandiru e Tropa de elite são exemplos disso.

Para Torres, sendo na comédia ou no drama, o público que prestigia o cinema nacional nada mais vê do que a retratação da sua realidade. “Os brasileiros sabem que, ao ver um filme que diz respeito à violência urbana, vão encontrar uma cinematografia insistente, muito bem feita e agregada ao jeitão brasileiro. A mesma coisa acontece com a comédia. O público já confia que vai rir da própria cara ao assistir uma comédia brasileira. O cinema nada mais é que o retrato da nossa realidade contemporânea. Isso é muito mais interessante para nós do que piadas americanas ou rotinas francesas, por exemplo”, compara.

Tendo grandes sucessos de bilheteria nos últimos anos, é possível afirmar que o público brasileiro está começando a ver com outros olhos a produção cinematográfica nacional. Para Torres, aquela visão de que o filme brasileiro é mal produzido não existe mais.

“Estamos num momento diferente daquele que o cinema brasileiro passou recentemente. Tivemos um estigma de apresentar um filme mal-acabado, com pornografia e palavrões, mas nos últimos dez anos tivemos vários filmes de qualidade e que foram muito assistidos aqui e lá fora. Por isso, acho que hoje a resistência aos filmes está muito menor ou sequer existe”, frisa.

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