Cineastas e produtores se unem para criar produtora

Tudo começou com um acaso feliz. Carlos Manga Jr., um dos três melhores diretores de publicidade do País e filho do lendário cineasta, encontrou-se casualmente com José Henrique Fonseca, que tem no currículo filmes como “Heleno” e “O Homem do Ano”, além de ostentar uma honrada dinastia (o escritor Rubem Fonseca é seu pai). Do colega, Manga ouviu o desejo de diversificar sua atividade, alternando produção e direção. “Na mesma semana, conversei com (a diretora e DJ) Ivy Abujamra, que confessou ter a mesma vontade”, lembra Manga. “Curiosamente, aquilo me fez descobrir que também eu precisava de uma mudança, de uma expansão.”

Em pouco tempo, o trio agregou outros profissionais com idêntica visão de flexibilidade artística e, juntos, fundaram uma nova produtora, Zola, com sede no Jardim Botânico, no Rio, e um escritório em São Paulo, na Vila Madalena. E, nem bem nasceu, a produtora já iniciou uma série de projetos para televisão, cinema e publicidade. “Nosso propósito é que cada um participe do trabalho do outro, revezando funções”, comenta Fonseca.

Ele é um bom exemplo – no filme “Capitão Gay”, inspirado no personagem criado por Jô Soares e que vai ser rodado no segundo semestre, Fonseca vai atuar como produtor para a direção de Otávio Müller (que faz sua estreia no ofício) e Pedro Amorim. “Todos, de alguma maneira, participam de tudo”, comenta Fonseca.

O grupo é completado pela atriz Claudia Abreu e os produtores Eduardo Pop e Jimmy Palma, todos com experiência no ramo – há ainda um sétimo sócio, que trabalha no mercado financeiro e prefere o anonimato. Alguns setores terão controle específico, como a área infantojuvenil a ser observada por Claudia. A escolha não foi aleatória: “Nos últimos dez anos, tive quatro filhos, portanto, acompanhei de perto todo tipo de programação audiovisual oferecido para essa faixa etária”, explica.

Sua ideia é apostar em histórias nitidamente brasileiras, pois, ao lado dos filhos, percebeu que boa parte da programação oferecida às crianças têm contornos estrangeiros. “Claro que não é possível desconhecer a importância dos desenhos dos estúdios Disney, mas sempre senti falta de algo genuinamente nosso.”

“A ideia de fundar a Zola surgiu da necessidade de uma mesma produtora atender a diferentes nichos do mercado, ou seja, televisão, cinema, publicidade, artes visuais”, conta Jimmy Palma, sócia fundadora da Bossa Nova, uma das maiores produtoras do País. “E poderemos firmar parcerias internacionais, atendendo às necessidades de produtoras estrangeiras que estão cada vez mais interessadas no Brasil.”

É o que explica, por exemplo, projetos como “Sonhadores”, encomendado pelo comitê organizador da Olimpíada de 2016 no Rio e que vai acompanhar a preparação de 15 atletas até março daquele ano, exibindo suas dificuldades e conquistas. “Além do cunho social, é um programa para ser exibido em outros países”, comenta Jimmy. A Zola também vai promover trabalhos de artistas como o peruano Gustavo Bockos (também conhecido como Vokos), cuja experimentalismo pop invade as galerias de todo o mundo – atualmente, está em cartaz em Oslo, na Noruega. Ou da ilustradora Elisa Sassi, brasileira que vive nos EUA e cujos delicados personagens vão inspirar uma animação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Voltar ao topo