Chuva não apagou brilho do Tim Festival

Como era previsto, a grande estrela da primeira edição especial do Tim Festival em Curitiba foi o trio nova-iorquino Beastie Boys. Claro, tratava-se da atração mais aguardada, e por causa disso, a energia vinda das cerca de 12 mil pessoas que em plena terça-feira enfrentaram o mau tempo e foram à Pedreira Paulo Leminski, de certa forma contagiou os próprios Beastie Boys, que honraram as tradições do rap, com direito a todos os grandes hits do grupo que ajudaram a definir o gênero na década de 80, apimentados com uma apresentação única de técnica nas pick-ups do DJ Mix Master Mike, que acompanha o grupo na tour brasileira.

Como o festival teve um line-up muito eclético – que teve rock, rap e experimentação – as outras atrações acabaram sendo prejudicadas pela falta de participação (ao menos inicial) do público. Mas nada que um pouco de esforço não compensasse. Cada um dos músicos que subiu ao palco usou o que tem de melhor para superar o efeito ?Beastie Boys?? e, no fim, ganhar a audiência. Contrastando com a edição carioca do festival, que teve atrasos por vezes até desrespeitosos nas apresentações, em Curitiba os pernambucanos da Nação Zumbi iniciaram seu show quase que pontualmente às 19h.

Karen O incendiou o palco e agradou os fãs.

Eles foram seguidos pelo americano DJ Shadow, que subiu ao palco da pedreira acompanhado de uma chuva fina. Mas como o trabalho de Shadow se enquadra no mesmo gênero da atração principal, o rap, ele não teve muito trabalho para empolgar o público. Josh Davis (o nome verdadeiro deste californiano) fez uma apresentação baseada em samplers e toca-discos, com um telão que acompanhava suas batidas. O ponto alto foi quando o rapper Lateef The Truth Speaker, que o DJ trouxe à tira-colo, subiu ao palco e cantou algumas das músicas do novo disco de Shadow.

Ainda com a chuva insistindo em atrapalhar, foi a vez da rainha do punk Patti Smith – que completa 60 anos no dia 30 de dezembro – iniciar a parte roqueira do festival. Ela provou que é mesmo boa de voz e desfilou alguns de seus sucessos, como Because the night, misturados a clássicos como Gimme Shelter, dos Stones. Teve tempo ainda para ser panfletária e, antes de People Have the Power, discursou (a Tim que não a ouça!): ?Nós não trabalhamos para o governo e nem para as corporações; são eles que trabalham para nós?, declarou a roqueira, pouco antes de descer do palco para cumprimentar de perto seus fãs.

Se os governos ou corporações continuaram iguaizinhos mesmo com o protesto, ao menos a chuva parou de incomodar. E então foi a vez de o trio nova-iorquino Yeah Yeah Yeahs mostrar o porquê de tanta badalação em torno de suas apresentações. E essa fama toda se deve à incendiária e performática vocalista Karen O. Verdade que em Curitiba ela estava mais comportada que no Rio, mas mesmo assim jogou-se ao chão, chamou a atenção com seu visual, uma mistura glam e anos 80, e comandou um coro de jovens roqueiros que sabiam de cor as músicas do grupo.

Os Beastie Boys não são como os representantes atuais do hip-hop. Eles não contam vantagem sobre carrões, dinheiro e mansões e como isso ajuda a conquistar a mulherada. Muito menos versam sobre desafetos abatidos a tiros. O trabalho deles se baseia em batidas dos anos 70 e começo dos 80.

E ainda por cima alguns dos seus maiores hits são faixas de rock. Isso ficou provado com Root down, Sure shot e Intergalatic. Mas foi Sabotage, no encerramento, com formação de baixo, guitarra e bateria, que encheu o público do Tim de satisfação. No meio do espetáculo, teve até pausa para comemorar o aniversário de um dos integrantes, Ad-rock, surpreendido pelos companheiros Mike D e MCA, com bolo e espumante para festejar seus  40 anos.

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