CEP Colégio Estadual do Paraná 160 anos de Educação

Uma questão de carinho, uma oportunidade rara de se contemplar a mais afamada Instituição de Ensino Público do Paraná, no que concerne ao Ensino Médio, assim denominado hoje. No último dia 13, o Colégio Estadual do Paraná completou 160 anos de existência, formando e informando milhares de alunos e milhares de alunas.

Local de tantas lembranças, de incontáveis narrativas como as do túnel que liga o CEP à Catedral Metropolitana, ou as "fantasmagóricas" histórias do mestre musicista do Salão Nobre.

O mestre Ostap as conta com o poder de síntese e de enredo que a vida lhe deu, fazendo sorrir e corar aos ouvintes. Prova de tantos anos de CEP, um Colégio que permanece no coração dos seus ex-alunos, como o autor desta coluna, que se alegra pela existência de uma Instituição que também o transformou.

Parabéns Colégio Estadual do Paraná, referendado como 3.ª pessoa, parece vivo e assim prosseguirá a sua caminhada.

Com a palavra a UFPR II

2. Se não há na prova questões de gramática, como fica a cobrança da língua padrão, ou a universidade não se importa se o aluno domina ou não a língua culta?

Concordamos que conhecer e reconhecer recursos lingüísticos vários, tais como regência, concordância, correlação de tempos e modos verbais, recursos de coerência e coesão, formas de tratamento, etc. fazem parte da formação de qualquer profissional competente, e podemos afirmar que essas questões, se não são explicitamente cobradas nas questões de múltipla escolha, são determinantes nas questões discursivas: além de medir também a capacidade de leitura, as questões abertas revelam a maior ou menor intimidade que os candidatos têm com a língua escrita. O que a prova da UFPR não faz ? e isso já acontece há muito tempo ? é cobrar nomenclaturas e classificações, ou o conhecimento ou reconhecimento de estruturas que estão hoje no limite do padrão e não-padrão. Uma dessas áreas movediças é a regência. A gramática normativa condena algumas regências que já aparecem em textos escritos da imprensa, mesmo dos meios mais conservadores. Um jornal com a Folha de S.Paulo, por exemplo, em seu Manual de Redação, ainda alerta para o uso de assistir seguido da preposição a. Percebemos, ao ler o jornal, que os revisores seguem fielmente a orientação do Manual. No entanto, não é difícil encontrar no jornal estruturas como o jogo foi assistido por…, e isso escapa aos revisores. Ora, se o verbo assistir pode ser usado na passiva sem chamar atenção de profissionais da língua, significa que o seu uso como transitivo direto está consagrado. Se colocássemos um conteúdo desse tipo em questões de múltipla escolha, teríamos que assumir um posicionamento de "certo e errado" diante de manifestações como essa. Considerar correta uma estrutura que a gramática normativa preconiza como errada, geraria insegurança tanto da parte dos alunos como da parte dos professores. Continuar considerando expressões como essas erradas, iria contra a realidade dos fatos bem como feriria a nossa consciência de cientistas da língua. Já numa questão aberta, podemos assumir que o uso de assistir como transitivo direto já é bastante aceitável na língua escrita, sem fazer objeção ao uso dele como transitivo indireto. Ao mesmo tempo, pode-se considerar que o uso de uma expressão do tipo ele disse de que, por exemplo, como desvio do padrão, porque ainda não está autorizada ou consagrada pelas normas da escrita. Nas questões abertas, essas decisões poderiam ser tomadas sem prejuízo nenhum de um ou outro candidato.

Como já dissemos acima, o conhecimento gramatical (e entendemos aqui conhecimento gramatical como conhecimento da estruturação sintática e semântica da língua) é sempre um passo possível para uma reflexão lingüística mais adequada, desde que se tenha clareza de como as regras gramaticais (usamos gramática aqui num sentido mais amplo que o de gramática normativa) contribuem para uma reflexão lingüística mais eficiente. Na primeira fase, há sempre de 3 a 4 questões que procuram fazer uma reflexão lingüística, mas que não deixam de ser também questões de leitura. Gostaríamos de comentar duas que fizeram parte do vestibular de 2006: as questões 54 e 55. Na questão 54, o autor do texto faz menção a um uso do advérbio que não está contemplado nas gramáticas normativas: o advérbio voltado para o falante, ou seja, o advérbio que traduz um posicionamento do emissor, como infelizmente, finalmente, certamente (a sua classificação pode variar dependendo de sua posição sintática). A questão cobra a aplicação do conceito a outras estruturas da língua. O candidato deve, portanto, entender o conceito e mostrar que consegue aplicá-lo, refletindo sobre outras estruturas da língua (a aplicação e generalização de conceitos é também uma habilidade presente no perfil de aluno que a universidade busca). Se o ensino gramatical se resume em simplesmente reproduzir as afirmações da gramática normativa, jamais será permitido ao aluno operar com essas noções e, conseqüentemente, fazer inferências discursivas (observar que o advérbio aí não modifica o verbo, nem o adjetivo, nem o advérbio e nem por isso deixa de ser advérbio).

A questão 55 está relacionada tanto à expectativa dos elaboradores sobre o conhecimento gramatical como à questão do padrão discutida no parágrafo anterior. É também uma questão de leitura, como as demais (inclusive a questão de pontuação é uma questão de leitura), mas pode ser uma questão muito interessante para, em sala de aula, se refletir sobre determinadas estruturas lingüísticas: o verbo custar não interfere no sentido da sentença ao se alterar a subordinada para a passiva como os verbos usados nas demais alternativas. Ora, o fato de o uso que se faz do verbo custar ferir as indicações das gramáticas normativas (voltamos novamente à questão do que é ou não é padrão a respeito do uso desse verbo consultar o Guia de Uso do Português de Maria Helena de M. Neves, Editora Unesp) não está em jogo. A questão poderia trabalhar com a correspondência entre sentenças de registros diferentes, como já se fez em outras ocasiões. Podemos dizer que o uso do verbo custar da maneira como foi feito sinaliza para essa flexibilização do que se considera padrão, como discutimos acima esse uso, aliás, já tem registro no português escrito do século 19. Como essa flexibilização não pode ser prevista (ninguém pode adivinhar que formas não aceitas pela gramática normativa serão aceitas pelos professores da universidade), preferimos sinalizar em situações em que isso não esteja sendo cobrado e avaliar esses usos nas questões abertas, espaço em que o conjunto de "transgressões" cometidas pelo aluno é que revelará seu maior ou menor domínio do padrão.

EUREKA na Televisão

O programa Eureka de hoje apresenta algumas das maravilhosas facetas da Biologia, vale e muito a pena conferir aspectos da Botânica e da Zoologia na exemplificação dos mestres.

Na Paraná Educativa, às 6h30, neste domingo.

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