Cecim Calixto: inspiração vem de coisas simples

?Poesia é algo mágico, magia esta que sinto muito bem. Quando entro em minha tenda, é incrível, a inspiração – algo invisível – logo vem.? É assim que o poeta Cecim Calixto, de 80 anos, descreve a arte que domina desde muito jovem. O que chama de ?tenda?? é o escritório onde se recolhe para escrever. Questionado sobre o que lhe inspira, Calixto conta que são coisas simples como a varanda da casa em Tomazina, a cadeira de balanço, a roseira, o beija-flor ou simples estrelas.

Foi nesse cotidiano, singelo mas inspirador, que surgiu o novo título de Cecim, Tenda de estrelas, que será lançado nesta terça-feira, às 19h, na Livrarias Curitiba, do Shopping Estação. Editado pela Juruá Editora, este já é o sexto livro do poeta. O primeiro, Ninfas, veio logo aos 18 anos. Entre este e o, até agora, último, muito estudo, dedicação e paixão fizeram aprimorar a arte.

Apesar de muito humana, a poesia de Calixto segue toda uma engenharia, quase matemática. Nas páginas que antecedem os sonetos, o esclarecimento: ?Com severa obediência às pausas nas 4.ª, 8.ª e 10.ª sílabas. Todos os meus livros são compostos de 99 sonetos clássicos, com 14 versos – dois quartetos e dois tercetos -, decassílabos (dez sílabas, cada verso), com rimas e musicalidade. Depois que me aposentei passei quase 12 anos estudando a engenharia e a científica dos sonetos. Mas a engenharia de meus sonetos também é de ternura, de saudade, de amor, de paixão?, revela o poeta.

Nascido em Pinhalão, nordeste do Paraná, Calixto já trabalhou no comércio e, depois de formado técnico de contabilidade, ainda teve seu próprio escritório de contabilidade e durante 40 anos foi bancário no antigo Bamerindus (hoje HSBC). Mesmo tendo que adiar um pouco, o ecoar da voz poética que sempre teve, assim que se aposentou a dedicação foi exclusiva. ?Inspiração sempre tive. Tenho paixão pela poesia. Enquanto eu fui bancário não me sobrava tempo, então eu rabiscava e guardava. Depois que me aposentei, resolvi absorver este alimento de alma?, conta Calixto.

Um romântico, inspirado em poetas como Castro Alves, Olavo Bilac, Machado de Assis e os de convívio João Manoel Simões, Horácio Portela e Yanske Schlenker, Calixto explica o porquê dos sonetos. ?Além da musicalidade que me atrai muito, é maravilhoso que em um soneto, em 14 versos, é possível explicar uma história inteira e um amor?, explica ele, com 54 anos de casado, ainda sempre admirado pela musa inspiradora, Gilda Calixto. Apaixonada, por Calixto e os sonetos que declama sem ler, ela conta orgulhosa os 30 prêmios que o poeta já conquistou.

Voltar ao topo