Cancelada em 2015, jornada de Literatura de Passo Fundo deve ser reformulada

A Jornada Nacional de Literatura, mais consistente projeto de formação de leitores do País e que é realizada bienalmente, desde 1981, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, teve seu cancelamento confirmado na tarde desta quarta-feira, 20, por José Carlos Carles de Souza, reitor da Universidade de Passo Fundo. A notícia foi antecipada na edição desta quarta pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Orçado em R$ 3,5 milhões, o evento teve autorização do Ministério da Cultura e da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul para captação de recursos por meio de renúncia fiscal. A organização, no entanto, não teve sucesso no contato com os patrocinadores. A resposta mais comum ouvida foi que a conjuntura econômica não permitia o patrocínio. Segundo Tânia Rösing, idealizadora e coordenadora da Jornada, isso não passou de uma desculpa.

“Acha que elas estão mal? Não, estão apenas na onda, surfando com a crise”, disse ao jornal O Estado de S.Paulo. O projeto foi adaptado para ser feito com R$ 3 milhões, depois com R$ 2,5 milhões, mas nem assim foi possível realizá-lo. A organização preferiu, então, cancelar a edição a fazê-la menor – o que implicaria a inscrição de um novo projeto nas leis de incentivo à cultura e não haveria tempo hábil para recomeçar este ano.

Em nota, o reitor também usou a crise como justificativa para a decisão. “A conjuntura econômica nacional impõe um cenário de contenção e exige restrições de investimentos em atividades dos mais diferentes gêneros. Desse modo, ante a incerteza desse momento, a realização de um evento de natureza tão grandiosa, não se mostra recomendado. Assim, a décima sexta edição da Jornada Nacional de Literatura e a oitava edição da Jornadinha Nacional de Literatura, previstas para o período de 28 de setembro a 2 de outubro de 2015, ficam canceladas, bem como a nona edição do Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura e a décima quarta edição do Concurso Nacional de Contos Josué Guimarães.”

A expectativa do meio literário, que se manifestou durante todo o dia nas redes sociais, era de que a organização voltasse atrás na decisão, cujo anúncio estava previsto para esta tarde.

Para esta edição, agora cancelada, a universidade contratou a empresa Infinito Cultural, que ajudaria a repensar o formato do evento. “Passados 34 anos, temos que repensar o seu formato, reinventar, pensar os novos tempos. Hoje, trazemos um grande conferencista e vemos a plateia com o celular ligado acessando o Face. Tem todo um modelo que precisa ser repensado, mas nesse momento, que seria ainda no modelo que concebemos, transformar a jornada numa quermesse junina nem falar”, disse Tânia Rösing. As sugestões da empresa devem ser colocadas em prática em 2017.

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