Brasil está atrás da Europa na música

"Assim como em qualquer outra profissão no Brasil, ser músico não é fácil. Porém, nos últimos anos, o país cresceu e se desenvolveu bastante musicalmente, oferecendo muitas oportunidades e estando bem à frente de outros países da América Latina." A afirmação é do oboísta Washington Barella, que está ministrando um curso de oboé (instrumento de sopro de origem oriental, que adquiriu maturidade na época do Barroco) na XXIII Oficina de Música de Curitiba. Nascido em Piracicaba (SP), Barella tem 40 anos de idade e atualmente vive na Alemanha.

Segundo ele, no que se refere à música o Brasil sempre vai estar uns duzentos anos atrasado em relação aos países da Europa, a não ser que o governo injete bastante dinheiro para melhorar escolas e adquirir instrumentos musicais. Porém, nos últimos trinta anos, o país se abriu bastante e os investimentos em música e nas artes em geral passaram a ser bem maiores.

"A Europa tem uma relação centenária com a música. Lá, existem escolas de música estatais em todas as cidades", declara. "Entretanto, no Brasil também existem bolsas de estudo e o acesso a instrumentos e a coisas boas está bem mais fácil do que, por exemplo, quando eu comecei a estudar música (aos oito anos de idade). Em alguns instrumentos, já é possível se especializar sem sair do país. Não é mais preciso ir para o exterior para aprender a técnica."

Apesar disso, o oboísta acredita que é importante aos músicos terem experiências em países estrangeiros, principalmente na Europa. "A experiência de estar fora do Brasil é bastante positiva. Na Europa, tudo é diferente, inclusive a maneira como o músico é encarado e respeitado", revela.

Barella também valoriza bastante os festivais de música realizados no Brasil e diz que eventos como a XXIII Oficina faz com que os músicos tenham a oportunidade de se reciclar e trocar experiências, não permanecendo fechados em suas realidades.

Carreira

Washington Barella descende de uma família de músicos: o pai tocava clarinete e a mãe acordeão. Apesar disso, foi o único de três filhos a seguir carreira musical. Ele começou aos oito anos de idade, na Escola de Música de Piracicaba, tocando flauta doce. Experimentou violino, mas não teve afinidade com o instrumento.

Aos dez anos de idade, teve contato com trompa, trompete, trombone e oboé, ao qual decidiu se dedicar. Com 15 anos, resolveu que iria ser músico profissional e, com 17, entrou para a Orquestra Sinfônica de Campinas (SP). Após alguma experiência nos Estados Unidos, foi para a Alemanha em 1983, com o objetivo de se aperfeiçoar. Lá, estudou na Escola Superior de Música de Hannover.

Serviço: Para quem quiser conhecer um pouco do trabalho de Barella, ele vai participar de uma apresentação hoje, às 12h30, no teatro do HSBC. Endereço: Rua Luiz Xavier, 11 (Rua das Flores). Entrada: R$ 5,00 (alunos da Oficina não pagam). Mais informações: (41) 321-6528.

(Cíntia Vegas)

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