Bolshoi: MP renova pedido de prisão contra empresário

Florianópolis – Os russos não se importam com as denúncias contra o empresário João Carlos Prestes e sua mulher Joseney Braska Negrão, principais responsáveis pela instalação da Escola do Balé Bolshoi em Joinville, Santa Catarina, que tiveram hoje renovado o pedido de prisão feito pelo Ministério Público. O vice-prefeito e presidente da Fundação Cultural de Joinville, Rodrigo Bornholdt, disse que "é preciso separar a investigação do Ministério Público, que é lícita, já que se trata de dinheiro público, de ações que possam prejudicar o projeto da escola".

Na semana passada, Bornholdt chefiou delegação recebida pelo diretor-geral do Balé Bolshoi, Anatoly Iksanov, em Moscou, disposta a garantir a permanência do Bolshoi em Joinville e reforçar a participação da Prefeitura, que seria responsável pela assinatura dos contratos com professores e pianistas russos sem intermediários. Iksanov garantiu a permanência da filial, a única fora de Moscou no mundo, mas fez questão de manter Prestes como representante da Paramount Advisory Services Limited, empresa que, por sua vez, representa o Bolshoi no Brasil. O contrato expira em 2009.

"Essa é uma decisão dos russos e a nós cabe cumpri-la. Se querem que o pagamento seja feito por intermédio de uma empresa, faremos isso", disse Bornholdt. Um documento traduzido pela Embaixada do Brasil na Rússia confirma que "a empresa (PAS) tem honrado os compromissos financeiros com o Teatro Bolshoi da Rússia".

Pela empresa, o teatro russo estaria recebendo US$ 130 mil por ano pelo uso do nome Bolshoi e US$ 192 mil anuais pela cessão de professores e pianistas russos para a escola no Brasil. Bornholdt confirmou a visita de Iksanov a Joinville em março. "Isso é garantia de fortalecimento de nossos laços e de nosso projeto", disse Bornholdt, que pretende discutir com Iksanov sobre a construção da sede da escola, projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer avaliado em R$ 40 milhões.

Empresa fantasma

De acordo com o MP, a Paramount Advisory Services, com sede em Dublin, na Irlanda, é fantasma, pois foi criada nas Ilhas Seychelles, paraíso fiscal no Oceano Índico. Os recibos apresentados à Fundação Cultural de Joinville pelo pagamento de royalties e de professores do Bolshoi russo estão em nome da Paramount Advisory Services irlandesa, fechada há mais de um ano. Prestes e sua mulher estão indiciados em processos de formação de quadrilha e peculato. O procurador Davy Lincoln Rocha disse que recebeu telefonema do ex-presidente dos Correios Hassan Gebrin, desmentindo a atuação de Prestes como intermediário do patrocínio da escola, o que lhe daria direito à comissão que recebeu. "Gebrin contou que recebeu e-mail de Prestes pedindo que assinasse documento comprovando que recebeu Prestes para tratar do patrocínio. Mas ele se recusou. Por isso, renovei o pedido de prisão", afirmou o procurador.

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