Biodiversidade é tema de arte

Um viaduto da cidade serve de suporte para trabalhos em grafite, que têm como tema a biodiversidade, assunto de um dos encontros promovidos pela Organização das Nações Unidas ONU em Curitiba, durante o mês de março. Sob a coordenação da Fundação Cultural de Curitiba, artistas realizaram na Rua Augusto Stellfeld, no Centro, uma obra que leva à reflexão sobre o meio ambiente. O painel gigante foi executado pelos grafiteiros Michael Puquevis Ando (Devis) e Marllus Bisceglia e suas equipes.

?A ação divulga a arte do grafite, mostra a importância das reuniões da ONU em nossa cidade e também serve de estímulo para uma expressão artística bonita e consciente, diferentemente do que fazem os pichadores?, diz Paulino Viapiana, presidente da Fundação Cultural de Curitiba, à frente de um trabalho que envolveu participações das secretarias de Obras Públicas e Urbanismo, mais a colaboração da Diretran.

Com uma longa história e sem admitir rotulações, o grafite pode ter sua origem determinada quando o homem desenhou nas paredes das cavernas. Inserido no contexto urbano, o grafite aparece na década de 1960, em Nova Iorque (EUA), como forma de manifestação dos jovens da periferia. Desde então, o grafite tem conquistado espaço, extrapolando os movimentos culturais de bairros e estabelecendo-se como escolha artística embasada em posição política e identidade social. Os grafiteiros utilizam novas técnicas e suportes, ganhando visibilidade em galerias, museus e publicações, com trabalhos que alcançam altos preços.

Os artistas

O viaduto da Rua Augusto Stellfeld ostenta a criação artística de Michael Puquevis Ando (Devis) e Marllus Bisceglia, que coordenaram o trabalho de grafiteiros curitibanos conhecidos pelos apelidos de Café, Aib, Auma, Veio, Noodle, Heal, Case e Bolacha. Os trabalhos nasceram de um projeto elaborado a pedido da Fundação Cultural de Curitiba e têm a biodiversidade como tema, remetendo à 8.ª Reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), evento realizado em Curitiba pela ONU, a partir de 20 de março.

?A arte exposta, gritante e estática, e o silêncio no movimento de nossas mentes despertam uma contemplação da rua para os museus, da rua para nossa consciência?, destaca Marllus sobre o alcance do grafite no viaduto. Os painéis propõem reflexão e atuação sobre o meio ambiente, questionando o que entendemos sobre biodiversidade. ?A cidade ganha novo sentido com as cores dessas obras?, diz o artista.

Com exposições realizadas em São Paulo, nos museus de Arte Moderna e de Arte Contemporânea, Marllus Bisceglia tem no currículo atuações em estúdios paulistas de multimídia, entre eles Art BR e Senhora Olga. Ministrou oficinas de grafite em várias organizações não-governamentais, além de responder por intervenções e revitalizações urbanas por meio do grafite, em São Paulo. Marllus também é autor de outdoors para a campanha ?graffittideluxe fall-winter 2004 collection?, da grife Ellus.

O curitibano Michael Puquevis Ando, conhecido pelo nome artístico de Devis, atua em diversas agências de publicidade. Com importantes campanhas publicitárias realizadas, entre elas para as empresas TIM e Nike, Devis também ministra oficinas de grafite, atendendo principalmente a jovens dos bairros da cidade. O artista já comandou mostras em endereços como o Centro Cultural Solar do Barão, sendo que suas pesquisas em diferentes linguagens da arte são sempre direcionadas ao grafite. Embora mantenha exposição permanente de trabalhos na casa noturna Bangaloo, Devis acredita que a melhor forma de provocar a crítica do público é fazer do espaço urbano o suporte para suas obras. ?Gosto mesmo é de mostrar minha arte nas ruas?, afirma Devis, ao destacar a importância do grafite. 

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