BankBoston apresenta Schubert

Três notáveis músicos internacionais, os franceses Regis Pasquier e Emmanuel Strosser, e o israelense Michael Haran juntam-se aos Solistas Interarte, grupo de São Paulo, para reviver a atmosfera intimista e de alta voltagem criativa que fez a fama de Franz Schubert. A Schubertíade terá dois dos mais belos quintetos da história da música o Quinteto para piano e cordas A Truta e o quinteto em dó maior para cordas, contracenando com uma peça para piano solo e a Sonata para violino e piano D 384. A apreentação da Schubertíade em Curitiba será no Guairinha, no dia 29 de agosto, às 20h30.

Trinta anos depois da morte de Franz Schubert em 1828, Eduard Hanslick, o famoso crítico austríaco amigo de Brahms, escrevia no principal jornal de Viena sobre o espanto que provocavam a todo momento as descobertas de novas composições de Schubert e dizia que ele ?compôs na invisibilidade?. De fato, a fama do mais vienense entre os compositores austríacos da primeira metade do século XIX foi secreta durante toda a sua vida. É que ele brilhou muito mais nos saraus privados realizados por cerca de duas décadas (as de 10 e 20 do século XIX) nas melhores casas da cidade. Eram basicamente noitadas regadas a vinho e arte. Neste último quesito brilhavam poetas e escritores, mas sobretudo as canções e a música de câmara instrumental de Schubert. A tal ponto ficaram famosas que seu nome passou a ser sinônimo daquelas festas artísticas íntimas sem hora para acabar. Assim nasceram as Schubertíades, que o celebrizaram e constituem até hoje o motivo para a criação de uma música camerística de alta qualidade.

É este encanto que um grupo multinacional de grandes músicos vai recriar na noite de 29 de agosto, no Guairinha, Auditório Salvador de Ferrante, dando seqüência à temporada 2006 dos Concertos BankBoston. Como nas Schubertíades originais, unem-se assim artistas de diversas procedências. De um lado, dois excepcionais músicos franceses: o violinista Regis Pasquier e o pianista Emmanuel Strosser; e o israelense Michael Haran, spalla dos violoncelos da Filarmônica de Israel, mas músico versátil que se alterna entre o violoncelo (no célebre Quinteto opus 163 para cordas) e o contrabaixo (na interpretação do quinteto para cordas e piano A Truta). De outro, os Solistas Interarte, o grupo camerístico brasileiro que nos últimos três anos mantém a inédita marca de um concerto a cada quatro dias, e é formado por Pablo de León, violino, Horácio Schaefer, viola, e Roberto Ring, violoncelo.

Já por sua instrumentação –  prevê dois violinos, viola e contrabaixo -, o Quinteto opus 163, composto apenas dois meses antes da morte de Schubert, é uma espécie de seu testamento musical. É algo que se sente com inédita intensidade no famoso Adágio central. Já o quinteto A Truta assim chamado porque aproveita e brinca, em seu quarto movimento, com a melodia de um dos lieder mais famosos de Schubert, composto em 1819, também chama a atenção por sua instrumentação: ao piano junta-se não o quarteto de cordas habitual mas um violino, uma viola, um violoncelo e um contrabaixo. Esta é uma, mas não a única, das razões que o torna uma obra de sonoridades diferentes, e construiu toda a sua fama póstuma.

Além dos encontros inesperados, as Schubertíades também são marcadas pela diversidade. Por isso, além das duas obras-primas citadas, Emmanuel Strosser interpreta ao piano a Klavierstücke n.º 1 em mi bemol menor D 946 e acompanha o violinista Regis Pasquier na Sonata para violino e piano em ré maior D 384 op. 137 n.º 1.

Serviço:

Concertos BankBoston – 29 de agosto de 2006, 20h30 – Schubertíade – Regis Pasquier, violino; Emmanuel Strosser, piano; Michael Haran, violoncelo e contrabaixo; Solistas Interarte: Pablo de León, violino; Horácio Schaefer, viola; Roberto Ring, violoncelo.

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