As aventuras dos jornalistas brasileiros para entrevistar os astros e estrelas do cinema

tv51.jpgJornalistas especializados em cinema podem levar uma vida que qualquer cinéfilo pediria a Deus. Profissionais como Rubens Ewald Filho, Maria Cândida e Renata Boldrini não fazem outra coisa senão freqüentar mostras e festivais, assistir a ?avant-premières? e entrevistar astros e estrelas de Hollywood. Mas até chegar na ?entrevista dos sonhos?, o caminho não tem nenhum tapete vermelho. Muitos entrevistados, como George Clooney e Arnold Schwarzenegger, esbanjam simpatia e até jogam charme para cima das jornalistas. Já outros, como Julia Roberts e Keanu Re-eves, não disfarçam o mau humor e deixam sempre a pior das impressões.

Até hoje, Rubens Ewald Filho não esquece o dia em que encontrou Liv Ullmann, a musa de Ingmar Bergman em filmes como Gritos e Sussurros e O Ovo da Serpente. Como já tinha acabado de entrevistá-la no Brasil, apressou-se em pedir desculpas caso se repetisse durante o bate-papo. Na mesma hora, ela abriu um sorriso e respondeu: ?Imagina, a gente fica flertando durante a entrevista?. Rubens só faltou desmaiar… ?Ela pegou a minha mão e concedeu a entrevista de mãos dadas. Fiquei completamente abobado?, gagueja, emocionado.

Quem também ficou um tanto atordoado foi Arnold Schwarzenegger na frente da repórter Maria Cândida. A exemplo do que aconteceu com Rubens, a ?bela? também já tinha estado cara a cara com a ?fera?. Para quebrar o gelo, ela resolveu lembrá-lo de que já o tinha entrevistado para o filme Efeito Colateral. Imediatamente, o grandalhão disparou: ?Você pensa que não lembro? Lembro dos seus traços perfeitos, de suas perguntas inteligentes, da sua tatuagem no pé…?. ?Essa foi a mais divertida e constrangedora de todas. Nunca esperava que ele fosse lembrar de mim e da minha tatuagem…?, encabula-se ela.

Intimidades

Embora não seja nenhuma expert em cinema, Glória Maria, do Fantástico, também já entrevistou celebridades, como Sophia Loren, Nicole Kidman e Leonardo di Caprio. Com simpatia e humildade, ela garante extrair tudo o que deseja de um entrevistado. Como a vez em que entrevistou Nicole Kidman sobre o filme Moulin Rouge. Como estava recém-separada de Tom Cruise, os agentes proibiram perguntas sobre sua vida pessoal. Mas, quando a própria atriz, lá pelas tantas, falou de Satine e do amor, Glória não perdeu tempo: ?Mas e você? Pretende amar novamente??. Foi então que Nicole abriu o verbo e falou sobre a separação. ?Parece até que ela estava querendo se desabafar com alguém…?, acredita.

Mas, na frente de um astro ou de uma estrela de Hollywood, até os jornalistas mais experientes têm dificuldade de manter o distanciamento profissional. Rubens Ewald Filho que o diga. Quando entrevistou Kim Novak, chegou a passar mal. ?É evidente que não dá para segurar a onda. Antes de ser jornalista, eu já era fã dela…?, confessa. A repórter Renata Boldrini, do Telecine, é outra que tenta, mas nem sempre consegue manter a fleuma durante uma entrevista. Principalmente se o entrevistado for um George Clooney ou um Brad Pitt, de Doze Homens e Outro Segredo. ?O pessoal mexe comigo dizendo que o Clooney me passou a cantada só porque perguntou a minha idade. Quem me dera…?, suspira.

Batendo pino

Mas nem todas as entrevistas têm ?final feliz?. Ao contrário de Maria Cândida, Rubens Ewald Filho não guarda boas recordações do atual governador da Califórnia, Schwarzenegger. ?A simpatia dele é forjada. Não é à toa que virou político?, entrega.

A apresentadora do Cine MTV, Marina Person, também não morreu de amores por Julia Roberts. No dia da entrevista, a atriz de Queridinhos da América estava particularmente ?chata? e ?estrela?. ?Mas também não dá para dizer que ela não é legal. Afinal, não dá para saber se uma pessoa é ou não é legal em cinco minutos de conversa?, avalia.

Por essas e outras, o ator e comentarista José Wilker sai em defesa das celebridades. Principalmente das consideradas de ?temperamento difícil?. ?O que fazem com esses atores é uma crueldade. Trancam eles numa sala e os obrigam a responder 300 vezes a mesma pergunta. Chega uma hora que o sujeito já está batendo pino…?, argumenta Wilker.

No escurinho do sofá

A 77.ª edição do Oscar, que acontece hoje, às 22h30, será transmitida com exclusividade pela Globo, entre as emissoras de tevê aberta, e pelo TNT, entre os canais de tevê por assinatura. Na Globo, a transmissão ficará a cargo do jornalista Renato Machado e os comentários, do ator José Wilker, que já comentou a festa por sete anos para o Telecine. ?O que muda basicamente é a quantidade de gente que vai assistir à cerimônia. Posso acertar 99% da transmissão, mas, se errar 1%, pode ter certeza de que é esse 1% que vai ganhar as páginas dos jornais no dia seguinte?, radicaliza ele. Já o TNT vai transmitir a premiação direto do Teatro Kodak, em Los Angeles, com comentários de Rubens Ewald Filho. Pela primeira vez em 21 anos, o crítico de cinema vai comentar a cerimônia in loco. ?Das outras vezes, eu não passava do Jardim Botânico ou de Osasco?, brinca ele, numa referência às sedes da Globo e do SBT, no Rio e em São Paulo, respectivamente.

Menos discursos

Na esperança de tornar a transmissão mais ágil e dinâmica, a Academia promoveu algumas mudanças na cerimônia de entrega do Oscar. A principal delas diz respeito à entrega dos prêmios. Ao contrário do que acontecia normalmente, a estatueta não será mais entregue da forma tradicional, com o ganhador subindo ao palco para receber o prêmio e fazer seus agradecimentos.

Para algumas categorias, todos os indicados subirão ao palco para aguardar o nome do vencedor. No caso das categorias consideradas menores, os ganhadores não terão direito a discurso. ?Ninguém agüentava ver 40 e tantos técnicos de não-sei-o-quê agradecendo ao papai e à mamãe?, ironiza Wilker.

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