O voo 42 da El Al ainda deslizava pela pista do Aeroporto Internacional de São Paulo quando a aeromoça anunciou: “Viaja conosco Roberto Carlos, o Rei da Musica Latina”. Na primeira classe, vestindo colete e calça jeans, camisa azul, boné e óculos escuros, Roberto se acomodava ao lado de Dody Sirena, seu empresário, e esperava seu prato de salmão com arroz, iniciando uma viagem que o levaria à famosa Terra Santa – desembocadura até natural para um homem cuja religiosidade e misticismo confundem-se com a bem-sucedida carreira.
“Ele ajudou a formar toda uma geração. Amo todas as músicas dele”, derretia-se, já quando o avião passava sobre o Mediterrâneo, a argentina Diana Soae, de máquina fotográfica em punho, pedindo para o comissário de bordo da primeira classe uma foto do passageiro famoso. Diana, que viajava na classe econômica, conseguiu, e sua foto passou a ser disputada por alguns dos 20 jornalistas que viajavam a Jerusalém no mesmo avião além de integrantes do grupo É Papo Firme. Colunistas como Joyce Pascowitch e Joaquim Ferreira dos Santos, de O Globo, estavam na comitiva. O diretor de TV Jaime Monjardim também estava presente no voo. Monjardim vai filmar o especial do Rei na Cidade Sagrada.
Já em terra, o guia do ônibus, Iuval, argentino de Bariloche, mostrava-se paramentado e preparado para o show. “Quero ouvi-lo cantando especialmente uma música: Jesus Cristo. Aqui, em Jerusalém, vai ser de arrepiar”, afirmou. Iuval terá suas preces atendidas: o cantor garantiu, no repertório, ao menos três de seus clássicos religiosos: “Ave-Maria”, “A Montanha” e “Jesus Cristo”.
O show de Roberto no anfiteatro Sultan’s Pool será num palco maior do que o que ele montou no show de fim de ano em Copacabana (400 m², ante cerca de 300 m² daquele), com 60 mil watts de som. O cenário mostra os pontos principais de Jerusalém, e deverá ser assistido por 6,5 mil pessoas. Roberto filmará externas para o show da Rede Globo pelas ruas de Jerusalém, a exemplo do que já fizera em sua única vinda à cidade, nos anos 1970, para filmar “Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa”. O Especial da Globo será transmitido para 115 países pela Globo Internacional.
No restaurante do hotel King David Citadel, onde Roberto se hospedou, o pianista com quipá tocava sorridente “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, esperando que o hóspede mais célebre descesse para ouvi-lo. Mas Roberto estava surdo naquele momento. “Cheguei e fui dormir. Tava cansado, esse fuso horário…”, disse o cantor. “Mas acordei cedo para o encontro com o presidente Shimon Peres”.
Roberto foi recebido pelo presidente de honra de Israel, o Prêmio Nobel da Paz Peres, de 88 anos, em sua residência no bairro de Talbia. Durante 30 minutos, trocaram cumprimentos mútuos. “Sua voz chegou a Jerusalém antes de seu corpo”, disse Peres ao Rei. Roberto (confessadamente com a ajuda de assessores) decorou algumas palavras em hebraico para dizer ao líder. “Shalom aleinu veal koi haglam” (Paz para nós e para todo mundo). E cantou, a capela, “Emoções” para os presentes, uma canja das mais privilegiadas. Agora, ouvir mais, só na terça-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.