Amor além da vida

Patrícia é uma jovem alegre, bonita e cheia de planos, que morre de aneurisma cerebral aos 19 anos. O que poderia ser o prenúncio de uma tragédia, um drama familiar intransponível, vai se traduzindo numa história tranqüila, com momentos cômicos, românticos e comoventes. Em poucas palavras, assim é Violetas na Janela, com direção da atriz Ana Rosa, que tem duas sessões este final de semana no Guairão.

O espetáculo é uma adaptação de Ana Rosa e do marido Guilherme Corrêa, do livro homônimo de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, que já vendeu mais de 900 mil exemplares pela Petit Editora. “É um livro espírita, que basicamente conta como é a colônia espiritual para onde vai a Patrícia depois da sua morte”, resume Ana, ressaltando que não há menor intenção doutrinária na peça: “É uma história bonita que será compreendida por qualquer pessoa, independente de religião ou das opiniões em relação à teoria de Allan Kardec. Quem não tiver contato com o espiritismo vai ver o espetáculo como um espectador que foi ver Ghost, Sexto Sentido e Os Outros (filmes espíritas) no cinema”. “No elenco mesmo temos católicos fervorosos, evangélicos e até umbandistas”, completa Beatriz Corrêa, filha caçula de Ana e Guilherme, que faz a protagonista.

O ponto de partida da produção foi uma tragédia: em 1995, Ana Rosa perdeu a filha Ana Luiza, então com 19 anos, num atropelamento. “Logo depois, uma vizinha que não me conhecia deixou esse livro para mim. Em seguida, uma outra filha ganhou o mesmo livro, e no final do ano eu ganhei outro num amigo oculto. Foram três livros em dois meses”, relata. “Tivemos a idéia então de fazer uma pequena apresentação no centro que freqüentamos, mas a coisa foi crescendo até que eles sugeriram que a gente montasse um espetáculo profissional”.

Receio

Ela confessa ter ficado meio receosa: “Até porque eu nunca tinha feito nada que revelasse minhas preferências religiosas, políticas ou esportivas. Mas começamos a ensaiar e acabamos estreando no Rio de Janeiro em maio de 1997. Para nossa surpresa, foi um sucesso estrondoso, ficamos um ano e três meses em cartaz no Rio, depois 5 meses em São Paulo, e passamos a viajar pelo Brasil, sempre com casa cheia”. A montagem já passou por Brasília, Belo Horizonte, Natal, Porto Alegre, Florianópolis, e outras dezenas de cidades no interior dos estados.

Música

Para ilustrar as relações entre os planos, Ana Rosa recorre à música – executada ao vivo – e a truques de iluminação. Composta especialmente para a peça, a trilha foi compilada num CD, que estará à venda no teatro. Em Curitiba, a direção e a produção musical estarão a cargo do ex-guitarrista do Dr. Silvana, Cícero Pestana, que ajudou Claudio Suísso na concepção musical.

O próximo passo será a adaptação para o cinema, na qual o casal Guilherme Corrêa e Ana Rosa já está trabalhando. “Ainda não temos nenhum filme no Brasil com essa temática, e acredito que pode ficar um belo trabalho”, observa.

Questionada se ela se sente aliviada, com a sensação da missão cumprida, ela diz: “Só quem passou por isso sabe o que é a perda de um filho, e é claro que a saudade continua muito grande. Mas hoje eu acho que posso compreender melhor, e sei que estou sendo usada pela espiritualidade para passar essa mensagem. O que vai surgir daí eu não tenho idéia”.

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Hoje e amanhã, às 19h, no Guairão. Ingressos a 25 reais (parte da renda será revertida à creche Ação Social Espírita Casa da Criança Otília Honória Magalhães, de Piraquara.

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