Está em alguma praça ou em algum mercado o primeiro CD da banda curitibana Amebas Ulülantes. Não bastasse o nome em homenagem “ao estado de decomposição” de seus componentes, ainda há um trema no u para dar um certo ar de sofisticação. Mas, na verdade, é tudo irreverência mesmo.
Quanto ao ululante, Tomaz, o band leader, acrescenta: “O lobo ulula. Alguns componentes da banda estão na idade do lobo e também querem ulular e esperam que as amebas que moram em cada um de nós também ululem. É moda, hoje em dia. Até o presidente ulula”.
Tomaz é remanescente de Os Fusquinhas, banda que fazia um roquinho bem altaneiro. Guina Brown também era da turma.
Além da bagagem adquirida com Os Fusquinhas, os Amebas resgatam esses antigos fãs que se juntam a uma nova geração de amebas. Duas gerações distintas, mas com algo em comum: um perfil psicológico duvidoso. Ou seja, pais que gostam de merda ficam orgulhosos dos filhos curtirem a mesma merda. Com esse princípio os Amebas tentam atingir um público de 8 a 80 anos.
Ainda que lembre os Mamonas Assassinas, o primeiro CD dos Amebas revela influência de fontes mais antigas, de grupos como Língua de Trapo, Joelho de Porco, Premê, Mutantes, Ultraje a Rigor, Blitz, Pato Fu ou artistas como Adoniran Barbosa, Eduardo Dusek, Falcão, Cezar Bruneti, Tom Zé, Jorge Mautner e muitos outros que tenham uma característica irreverente e possam inspirar o ameba Tomaz na criação das letras, não se importando em dar uma “chupinzada” aqui ou ali para obter resultados satisfatórios, que é o que segundo ele a maioria dos “artistas” faz, mas não assume.
A faixa-título do primeiro CD dos Amebas, Contaminando, vem bem a calhar com o objetivo principal deles, que é contaminar ou contagiar um bom número de pessoas e que elas fiquem cheias de graça. Mas um resultado financeiro até que vai bem, porque de graça às vezes é caro. Até para dar continuidade ao trabalho e já engatar o segundo CD, que já tem quase todas as músicas prontas e algumas pelo menos com título já garantido: “A casa caiu, mano”, “Ninguém merece, mano” e “A chapa tá queimano, mano”.
***
Ao adquirir um CD dos Amebas Ulülantes ou contratar para show as pessoas e empresários estarão automaticamente ajudando instituições psiquiátricas, pois os Amebas destinam 20% de seus ganhos para essas pessoas que precisam de cuidados especiais. Telefones (41) 352-9961, 353-1643 e 254-8281.