Altas Horas completa cinco anos mantendo o pique

O horário pode ser um dos mais ingratos para os telespectadores. Mesmo assim, o Altas Horas tem sido responsável pelos bons momentos das madrugadas de sábado para domingo da Globo. Em seu quinto aniversário, o programa demonstra que ainda tem fôlego suficiente para continuar na grade da emissora e não dá sinais de saturação. Comandado pelo carismático Serginho Groisman, o Altas Horas faz jus ao slogan "vida inteligente nas madrugadas".

Tanto que o misto de "talk-show" e programa de auditório está sempre recebendo os mais diversificados convidados. Com apresentações de cantores e grupos musicais, além de entrevistas com atores e personalidades de destaque em suas respectivas profissões, o programa é uma demonstração de que ainda é possível encontrar qualidade na tevê brasileira.

 A começar por Serginho Groisman, que sabe muito bem comandar a atração. O apresentador entende do que faz e é dono de estilo próprio na maneira de "segurar" programas voltados para o público adolescente e jovem. E esse estilo permanece o mesmo ao longo dos anos. Desde os tempos em que dava expediente no Matéria-Prima, da TV Cultura, no início da década de 90, passando pelo Programa Livre, do SBT, Serginho é despojado e descontraído na maneira de ditar o "ritmo" do programa. Até mesmo o inexorável bordão "fala, garoto", o apresentador mantém desde o início da trajetória televisiva. Além disso, Serginho também demonstra segurança na hora de "reger" as atrações. Às reações do público adolescente, o apresentador consegue "segurar" com mãos firmes, sem dar espaços para a algazarra.

 As entrevistas "regidas" por Serginho, por sua vez, são um capítulo à parte. Ele não "desafina" e dá verdadeiro show de educação. O apresentador é imune ao "mal" que acomete Jô Soares e Fausto Silva, por exemplo. Se os dois sempre têm a chata mania de "cortar" os entrevistados e interferir nas respostas, Serginho consegue ser, definitivamente, o oposto. Ele os deixa falar à vontade, sem interromper a linha de raciocínio e as considerações dos convidados. Além disso, bem diferente dos programas voltados para o público adolescente e jovem, o Altas Horas deixa que a platéia faça suas próprias perguntas. O único "senão" dessas entrevistas, porém, é que muitas delas são feitas com atores das novelas da emissora e dos filmes produzidos pela Globo Filmes, parecendo tratar-se de um verdadeiro "house-organ".

 Apesar das qualidades e do sucesso, o formato do programa apresenta algumas atrações que deixam a desejar. É o caso das entrevistas feitas por Serginho com alguns escolhidos na platéia. Nessas horas, o apresentador tenta dar voz ao público, perguntando sobre a vida do "entrevistado". O problema é que nessas entrevistas, muitas vezes, a pessoa não tem o que dizer, ficando totalmente sem sentido e sem graça. Outro problema fica por conta dos concursos semanais para escolher o pior "cantor" da platéia. É lamentável que o programa tenha um "quadro" tão ruim.

 Além dessas duas "atrações" de gosto duvidoso, outro ponto negativo fica por conta das horas em que Serginho decide "atacar" de cantor. Acompanhado pela banda do programa, o apresentador pode não desafinar, mas é um tanto sem jeito. Em outros momentos, Serginho não se intimida em dividir o microfone com cantores ou bandas que vão ao "Altas Horas", extrapolando os limites da amizade que mantém com alguns desses convidados. Mas, apesar dos eventuais "escorregões", o programa apresenta mais méritos do que deméritos. Pena que vá ao ar num dia e horário tão ingratos. 

Voltar ao topo