Conhecida e admirada por sua dedicação às causas sociais e políticas, a ex-primeira-dama e antropóloga Ruth Cardoso, falecida em junho do ano passado e esposa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, acaba de ganhar um livro sobre sua vida. Trata-se da obra Livro de Ruth, escrito pela cientista social Margarida Cintra Gordinho, com apoio da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), de São Paulo.
Através de depoimentos de amigos e familiares, a obra apresenta a trajetória de vida de Ruth, nascida no ano de 1930. Em 208 páginas e através de noventa fotografias em cores e em preto e branco, o livro permite que o leitor conheça a trajetória da ex-primeira-dama desde sua infância até a época de estudante na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas de São Paulo (onde conheceu o marido), professora, primeira-dama e condutora de projetos sociais.
O Estado conversou com a autora para conhecer mais sobre o Livro de Ruth.
O Estado: De onde surgiu a ideia de escrever um livro sobre a vida de Ruth Cardoso?
Margarida: A Fundação Escola de Comércio Alvares Penteado, onde a Ruth era Conselheira, me contratou para elaborar o Livro de Ruth. Sou titular da Editora Marca D’Água, especializada nesse segmento editorial. Minha intenção foi fazer um perfil afetivo dela, não há distanciamento suficiente para uma biografia.
O Estado: Como aconteceu o trabalho de pesquisa e entrevistas com amigos e familiares da ex-primeira-dama para que a obra fosse realizada?
Margarida: Comecei a trabalhar em setembro de 2008, fiz mais de 50 entrevistas com familiares, amigos, colegas de trabalho e assessores durante sua vida pública. Li muitos de seus trabalhos e todas as matérias publicadas após o seu falecimento.
O Estado: Como foi seu contato com a própria Ruth?
Margarida: Fui aluna de Ruth Cardoso no curso de Ciências Sociais, da Universidade de São Paulo em 1998/99. Fui sua assessora na Comunidade Solidária, entre 2000 e 2001, e na Comunitas, entre 2002 e 2008. Tínhamos muitos amigos em comum e convivemos socialmente também.
O Estado: Qual era o andamento da biografia no período do falecimento de Ruth?
Margarida: Não havia começado ainda.
O Estado: O que mais lhe impressionou na trajetória de vida da ex-primeira-dama?
Margarida: Sua integridade, simplicidade, generosidade e firmeza de opiniões.
O Estado: Como analisa a dedicação de Ruth Cardoso às causas sociais e à militância acadêmica e política?
Margarida: Ruth Cardoso foi uma professora extraordinária e uma orientadora dedicada. Era aberta a novas idéias e seus trabalhos com os movimentos sociais na periferia de São Paulo foram inovadores. Envolveu-se também com as questões de gênero, militou no feminismo, na campanha da Aids e em questões ambientais.
O Estado: Parte da renda do livro (vendido por R$ 50,00) será doado ao Centro Ruth Cardoso, que será lançado no próximo mês. Quais suas expectativas quanto ao funcionamento do centro?
Margarida: O Centro Ruth Cardoso é uma iniciativa de Regina Esteves, que dirige a Alfabetização Solidária. Vai ser instalado em um prédio próprio, na rua Pamplona, 1005, em São Paulo. Lá estarão funcionando, além da Alfabetização, a Universidade Solidária, a Capacitação solidária, o Artesanato Solidário e o escritório paulista da Comunitas. É a Rede Solidária desenhada por Ruth Cardoso que passará a funcionar.