A retomada do sagrado na música eletrônica

Sábado, às 20h, no Era só o que faltava, o músico curitibano Claudinho Brasil lança livro e CD. A modernização da música primitiva e o ritual eletrônico vêm concretizar uma idéia alimentada pelo autor desde 2002. Com dez anos de carreira, recém-chegado de uma turnê, os lançamentos vêm completar o ótimo momento que vive o artista.

A proposta de Brasil é a retomada do sagrado nas batidas da música eletrônica. ?É retomar esse propósito com consciência. Usar a repetição rítmica, o som, para se conhecer e se encontrar?, esclarece. O que para alguns pode parecer algo ?mecânico? e sem vida, para Claudinho a música eletrônica é muito mais: ?É cheia de vida, a batida da música eletrônica é como a batida do coração, a respiração, o caminhar?.

?É rítmico e repetitivo, mas o que é o mantra? É preciso saber, sentir energia e celebrar?, sugere Brasil. A idéia surgiu em 2002, em uma aula de Evolução da Música, no 3.º ano de Licenciatura em Música, na Faculdade de Artes de Paraná (FAP). ?Estudávamos música primitiva, repetição rítmica e melódica, os rituais, o sagrado. Foi quando aproximei todos esses conceitos às festas de música eletrônica?, conta Claudinho.

A indagação tornou-se pesquisa, que virou tema de palestra. Em 2003, Brasil escreveu o projeto para receber apoio na lei municipal de incentivo à cultura. Em 2005, a idéia foi aprovada. A partir de então as idéias foram elaboradas, com muita pesquisa no eletrônico, no primitivo e no sagrado. ?Além de ter ido a um rave, busquei informações no budismo, no Hare-Krishna, entre os índios guaranis, fulniôs e outras fontes?, revela o artista.

O livro é dividido em cinco ?partes?. ?Um psicanalista escreveu sobre o homem primitivo; um antropólogo sobre a arte no primitivo; um doutor em saúde mental para tratar do homem contemporâneo; e um músico para abordar a arte no contemporâneo. A junção entre o primitivo e o contemporâneo foi feita por um especialista em religiões?, explica Brasil. A ele coube fazer uma abordagem geral e criar todo o CD. ?Partindo do primitivo, com um breve histórico da música, eu explico o porquê e como chegamos à música eletrônica. O CD veio para dar a prática da teoria do livro?, apresenta o músico.

Carreira

Desde 1997 Brasil trabalha como músico profissional. Formado em música pela FAP, ele já tocou bateria em uma banda de rock, já fez música no teatro – com o grupo Arquétipos – e também performance. Hoje a fase dele é outra. ?Estou numa fase muito importante da minha vida: completo dez anos de trabalho profissional; acabo de voltar da 1.ª turnê pela Europa; e estou lançando um livro e um CD?, comemora Brasil.

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