‘A Religiosa’ é uma ode à liberdade

Em Berlim, em fevereiro, o diretor francês Guillaume Nicloux falou de seu duplo e até triplo desafio – fazer um filme adaptado de A Religiosa, de Diderot, já seria difícil pela própria personalidade do escritor, mas havia também o fato de que um grande da Nouvelle Vague, Jacques Rivette, já se havia baseado na história de Suzanne Simonin, personagem que, nos anos 1960, foi interpretada por Anna Karina e agora é vivido pela jovem Pauline Étienne. O maior desafio de todos, porém, Nicloux disse a um grupo de jornalistas, foi de foro mais íntimo.

Aos 18 anos, ele estava tão convencido de que queria ser padre que até pronunciou os primeiros votos. “Salvou-me o rock-n’-roll”, ele brincou. “Em vez de padre, virei punk.” Por conta disso, o anticlericalismo atribuído a Diderot ao contar a história de sua jovem religiosa – Simone é forçada pela família a ir para um convento – poderia ter sido exacerbado pelo diretor roqueiro. “Mais que um resto de fé que ainda sobrava em mim, ou um desejo de agredir a instituição da Igreja, o que me moveu foi uma tentação panteísta. Simone rebela-se contra a família e a autoridade de cada convento em que vive sua via-crúcis de noviça sem vocação. Para mim, A Religiosa é, acima de tudo, uma ode à liberdade.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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