A poetisa que Londrina revelou

Devo-lhe esta crônica há algum tempo.

Conheci-a em 1964, quando passei a judicar em Londrina e tive o privilégio de ser professor da Faculdade de Direito, que ela cursava, também recém-chegada, paraninfando o ato de sua formatura.

Inobstante versejasse desde os treze anos, sua verve poética viria a ser revelada na antiga “Capital Mundial do Café”, vindo a publicar, tempos depois, Folha de Outono, merecendo consagradora homenagem em seu torrão natal, Bragança Paulista, e na própria Londrina.

Foi jornalista e radialista e ocupa a cadeira n.º 4, da Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina, pertencendo a outras entidades culturais.

Trata-se, por evidente, de Leonilda Yvonneti Spina, que também deu a lume Girassóis, coletânea de sensíveis poesias, que a saudosa Helena Kolody assim saudou: “Na beleza dos versos, você sabe doar-se em palavras, sugerir sóbrias lições de vida” e que o professor Alcides Vitor de Carvalho, diretor da Casa da Cultura da Universidade Estadual de Londrina, conceituou como “poemas plenos de leveza e simplicidade, estruturam-se numa sonoridade morfológica e lexical, surpreendendo-nos semanticamente”.

Se pudesse enfatizar alguns, não olvidaria, por exemplo, Mea-Culpa, verdadeira hosana ao Criador e Retrato, elegia ao seu grande amor, o advogado Walter Motta Campos, que conheci e admirei.

Não posso deixar de transcrever, para deleite de todos, a poética admirável de Ninho de Amor, que louva e enaltece o amor conjugal, fonte de inesgotável inspiração:

“Que seria da vida sem primavera,

plena de luzes e cores,

suaves trinados, doces olores?

Que seria do mundo sem amor,

esse amor que é tão bonina dos prados

quanto orquídea dos salões

quando o alimentam sonhos da mocidade?!

– O amor leal, intenso, verdadeiro,

que os noivos aspiram hoje por inteiro!

Como é belo e comovente

ver dois jovens se unindo

pelo amor tão transparente!

Quanto nos alegra e apraz

saber que o amor existe,

tudo vence, a tudo resiste…

Deixa sempre alegre o triste,

faz o espírito crescer!

Como é bonito ver o amor prosperar…

Tão sublime o “sim” balbuciado no altar!

O casal que hoje inicia nova vida,

começa a trilhar sublime jornada

que será, por certo, plena de emoções,

como plena é a limpidez dos corações.

Unido agora para sempre

na alegria e na tristeza

na saúde e na dor,

prova a todos que no mundo

vencem aqueles que somente

cultivam a fé e o amor!

Trinem sabiás, bem-te-vis, beija-flores,

envolva-se a Terra em mel e perfume!

Quais lépidas dançarinas bailem as flores,

fulgure no espaço reluzente lume!

Cantem mil anjos hinos de louvor

aos noivos felizes, que, na primavera

constróem com carinho seu ninho de amor!”

Continue a poetar, com todas as veras do seu grande coração, minha cara Leonilda, para encantamento de seus inúmeros admiradores!

Luís Renato Pedroso

– desembargador jubilado, presidente do Centro de Letras do Paraná.

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