A inviabilidade do celibato eclesiástico

O que significa para uma criança o fato de seu pai ser um padre? Quando, nas missas, ele prega o amor ao próximo, mas na saída não olha seu próprio filho nos olhos? Filhos de padres, monges, bispos e cardeais representam o tabu mais bem guardado da Igreja. Oficialmente, não deveriam existir, porque as relações sexuais com mulheres são proibidas aos padres. Na linguagem do clero, essas crianças são chamadas desdenhosamente de ?ladrões de templos?, em latim, ?sacrilegi?.

O número de descendentes indesejados gira, somente na Alemanha, na casa dos milhares: de acordo com as estimativas, pelo menos metade dos quase 17 mil sacerdotes católicos alemães mantém relações sexuais. Quantos dentre eles geraram filhos, isto ninguém sabe. Em contrapartida, na Suíça existe um número apurado em 2003 pelo movimento de mulheres suíças ZöFra (Associação das Mulheres Prejudicadas pelo Celibato), a pedido da Conferência dos Bispos, 146 filhos para 3.078 sacerdotes.

Em todo o mundo são milhares de crianças que crescem sem jamais conhecerem seus pais; outras são obrigadas a se esconder e a dissimular o amor que une suas famílias. Os jornalistas Annette Bruhns e Peter Wensierski reuniram em Os filhos secretos de Deus histórias que denunciam a inviabilidade do celibato eclesiástico obrigatório. O livro traz os relatos de filhas e filhos de padres que confirmam que o grande mandamento da Igreja tem sido muitas vezes o silêncio.

Os filhos secretos de Deus

– (Gottes Heimliche Kinder)

– Annette Bruhns e Peter Wensierski – Tradução de Elena Gaidano – 320 páginas -R$ 39,90.

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