A estrela sobe

Os dois últimos anos foram decisivos na carreira de Renata Dominguez. Até dezembro de 2003, a atriz ainda vivia sua primeira personagem na tevê, a Solene de Malhação. Uma mudança radical, no entanto, a fez ?despertar? para o ofício. Logo no trabalho seguinte, ela largou a mocinha correta e romântica da novelinha juvenil da Globo para viver a fria e malvada Branca de A Escrava Isaura, na Record. Seu bom desempenho na pele da vilã fez com que fosse escolhida, poucos meses depois, para interpretar Pati Lopo, a ?patricinha? de Prova de Amor. Aos 26 anos e com quatro novelas no currículo, a atriz carioca vive atualmente sua primeira protagonista na tevê, a destemida Cecília de Bicho do Mato. ?Costumo dizer que Deus é meu empresário porque os trabalhos vêm por encomenda?, comemora.

 Há um mês e meio no ar, Renata vive o momento mais feliz da carreira. Na trama adaptada por Cristianne Fridman e Bosco Brasil, da novela homônima de Chico de Assis, sua personagem é uma estudante de medicina cheia de adjetivos. Bela, charmosa, ousada, determinada, Cecília não poupa energia quando vê pela frente uma causa justa. ?Ela não é uma protagonista sofredora como a maioria?, garante, entusiasmada. Cecília só não é bem resolvida sentimentalmente, já que vive uma relação conturbada com Emílio, antigo namorado interpretado por Marcos Mion, e é apaixonada pelo caipira Juba, o Tarzan pantaneiro vivido por André Bankoff.

 Diferente das outras personagens que compôs, Renata teve de trabalhar pesado para viver a mocinha de Bicho do Mato. A atriz visitou emergências de hospitais e teve de aprender alguns procedimentos médicos básicos. Além disso, a personagem é motoqueira e anda a cavalo, atividades que Renata nunca havia praticado antes. ?Entrei em pânico! Não sabia andar de moto?, confessa. Não bastassem as aulas de auto-escola e equitação, a atriz passou por uma ?incrementada? transformação física. Como a Pati era o que Renata chama de ?modelo de mulher?, magra, loura e bronzeada, a atriz precisou engordar três quilos, perder o bronze, colocar um megahair, ondular as madeixas e usar lentes de contato cor de mel. Tudo para deixar a personagem com mais ?cara de mulher?. ?Topo tudo pelo físico. Mas nada tem importância se a as características de uma personagem forem iguais ao de outra?, pondera.

 Vida de protagonista não é fácil. Como o processo diário de maquiagem é longo, Renata é obrigada a chegar na emissora duas horas antes das gravações. Isso sem falar que a atriz grava dez horas por dia, de segunda a segunda. Disciplinada ao extremo e apaixonada pelo ofício, Renata garante que todo esforço é pouco. ?Cada personagem meu está diretamente ligado a um momento pessoal de vida. E, por isso, acabo me transformando neles?, diz.

 E cada uma contribuiu de uma forma especial. A Solene de Malhação, por exemplo, deu popularidade à atriz. ?Ela era amada pelo público?, aponta. Já a Branca, de A Escrava Isaura, lhe deu prestígio no meio artístico, já que a atriz viveu ?de cara? uma vilã marcante. Em Prova de Amor, a história foi outra. A princípio, sua participação seria secundária. Mas o autor Tiago Santiago percebeu que a audiência da novela crescia cada vez que a ?riquinha? entrava em ação. ?A Pati atraiu a mídia. Nunca fiz tanta capa de jornal e revista na vida?, observa, aos risos. Com a juventude e um talento ?aguçado? a seu favor, tudo que Renata quer é seguir trabalhando. ?Não quero ter prazo de validade. Vou fazer 60 anos trabalhando?, garante.

Dupla dinâmica

O telespectador que assiste os capítulos de Bicho do Mato nem imagina. Mas Renata Dominguez e Marcos Mion, que vive o Emílio na trama, são ?mestres? em improvisar sobre os textos da novela. Nas cenas em que seus personagens estão juntos, ou mesmo nas individuais, os dois costumam criam idéias às vezes sem que a cena necessite delas. ?Claro que só se o diretor gostar. Agora, se ele disser ?enrolem?, aí é com a gente mesmo! Uma simples cena vira uma de três páginas?, diverte-se.

 A atriz atribui isso à vivência de ambos como apresentadores. Atualmente, Marcos comanda o Covernation, na MTV. Já Renata apresentou, por sete anos, programas em três diferentes emissoras no Equador. Seu pai teve de se mudar para o país quando a atriz tinha apenas 12 anos. A pouca idade, no entanto, não deixou Renata acuada. A carioca de 26 anos, que estudou balé desde os cinco anos, fez cursos de dicção, canto, improvisação, além de aulas de espanhol. Por conta dos estudos, só estreou um ano após se mudar para a Quito, capital equatoriana. ?Cheguei para ser atriz tão fria, contida e mecânica, que achei que não iria gostar de atuar. Mas os trabalhos foram acontecendo e me apaixonei?, conclui.

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