A culpa é do mordomo

São Paulo – Fantasmas não são privilégios da cultura inglesa, mas poucos povos cultivam, com tamanha eficiência, histórias envolvendo assombrações que interferem diretamente no mundo dos vivos. Depois do pai de um famoso príncipe, Hamlet, que o atormentou com revelações sobre a podridão do reino, agora a Inglaterra é chacoalhada pelas investigações da morte de outro nobre famoso, a princesa Diana, ocorrida em 1997. Revelações divulgadas pelo mordomo da princesa, Paul Burrell, que também serviu como confidente por mais de dez anos, provocaram enorme escândalo e agora chegam ao Brasil em Uma Questão de Honra (440 págs., R$ 49), lançamento da Ediouro.

A edição brasileira, aliás, é a primeira a ser publicada em outra língua que não a inglesa – futuramente, o livro chegará à França, Alemanha, Holanda e Japão. Na Inglaterra, A Royal Duty, título original da obra, vendeu mais de 1,5 milhão de exemplares, confirmando a mórbida curiosidade que a realeza sempre despertou entre os britânicos.

Ciente disso, Burrell ofereceu um verdadeiro banquete aos curiosos, revelando publicamente o lado mais obscuro de Lady Di. Afinal, segundo ele, que se tornou mordomo dela e do príncipe Charles em 1987, tanto um como outro costumavam receber os respectivos amantes na residência oficial da família, lembrando que a princesa teve nove casos secretos – entre eles, um cantor famoso, que teria sido apresentado a Diana pelo próprio mordomo. “Nas saídas noturnas, ela sabia todos os caminhos, todos os atalhos, brincava que ganharia de qualquer motorista de táxi”, escreve.

A relação com Diana tornou-se mais próxima a partir de 1992, quando, depois da separação do casal real, a princesa o requisitou para o Palácio de Kensington. Foi aí que a intimidade aumentou e Burrell passou a compartilhar também das amizades de Diana, como da “amiga número 1 da princesa” (segundo suas próprias palavras), a brasileira Lúcia Flecha de Lima, e de Lana Marks, americana dona de uma rede de butiques de artigos de couro, com quem a princesa compartilhava a paixão por moda e balé.

Presságio

Para provar que conhecia intimamente Lady Diana, Burrell afirma ter tido conhecimento das capacidades paranormais da princesa. Segundo ele, Diana suspeitava que morreria em um acidente de carro, dez meses antes de o fato ter ocorrido. Mal teve esse momento de clarividência, pensou: “Bom, falta quase um ano… Ainda tenho tempo de me enrolar com um milionário árabe, escandalizar meio mundo, incluindo meus filhos, engravidar e… olhe, quem sabe fazer a minha última refeição no Ritz de Paris”. A princesa pensou ainda em experimentar heroína, manter relações sexuais com animais e bordar tapetes.

Em uma das cartas que deixou, Diana suspeitava que uma pessoa planejava sua morte em um acidente de carro. O assunto dominou as discussões depois que a Mercedes que conduzia Diana, seu namorado Dodi Al Fayed e o motorista deles, Henri Paul, colidiu violentamente em um túnel de Paris, no dia 31 de agosto de 1997.

Na semana passada, porém, a polícia divulgou a versão de uma testemunha garantindo que nenhum outro veículo participou do acidente, descartando a hipótese de assassinato. Mesmo assim, Diana promete assombrar os noticiários durante vários anos.

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