A ciência política no âmbito das universidades – A ação sobre os espíritos

Na seção II de seu livro, A ciência política, sua natureza e seu alcance, o cientista político Jean Meynaud enumera três parágrafos sob o título Ciência política e ação política: As relações voluntárias 1.º) a formação dos cidadãos; 2.º) a elaboração da política e, 3.º) a ação sobre os espíritos. Aqui, de início, expressa: ?É um dos aspectos mais novos do social engineering?. ?Tomou grande impulso nos Estados Unidos, onde alguns tentam vender ao público políticos ou políticas como se vende um sabão ou uma droga para o fígado. Mas a tendência se estendeu, embora com menor intensidade, a outros países.?

Naturalmente que, neste aspecto, a influência norte-americana foi proporcional ao poder desses países; mesmo assim, lá e cá, a informação dirigida e a propaganda evoluíram estrondosamente surtindo, de maneira cabal, os efeitos transformadores nas cabeças das pessoas, ao ponto de passarem a se governar de fora para dentro. É o que se queria: a massa. Paralelamente, se ajudava a formar o comportamento de rebanho, percebido pelo abandono familiar e social da preocupação de formar o controle social interno nas gerações potenciais do voto. Ganham muito, com isso, as democracias adjetivadas ideologicamente, cujos exemplos mais presentes são as nominais. Para estas, o controle individual de dentro para fora se constitui em grave obstáculo, uma vez que o mener (o fazer de alguém o que se quer) se torna desnecessário.

Assim como adjetivo desqualifica democracia, mandalete se opõe a eleitor.

Numa publicação da Uies, pela Editora Vozes, Pio XII distingue entre o povo e a multidão amorfa ou a massa. ?O povo vive e se move com vida própria; a massa é por si mesma inerte, só pode ser movida de fora. O povo vive da plenitude da vida dos homens que o compõem e dos quais cada um no seu posto e à sua maneira é uma pessoa consciente das suas responsabilidades e das suas convicções. A massa, ao contrário, espera o impulso de fora, joguete fácil nas mãos de quem lhe explora os instintos ou as impressões?.

Pedro Henrique Osório é professor universitário.

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