A alegria e a beleza da arte de viver

Brincadeiras de roda, cantigas tradicionais acompanhadas de violão ou um a simples visita ao museu. O que parecem atividades culturais infantis simples e fáceis de realizar, no entanto, podem significar um sonho distante para as crianças que ora permanecem num leito de hospital.

Contudo, a já conhecida Lei Rounet está ajudando a promover a cultura nos locais menos propícios para tal. É o que acontece no Hospital Pequeno Príncipe, onde a colaboração de empresas e instituições motivadas pelo contraponto fiscal permite que artistas, músicos, pintores e educadores levem aos pacientes a alegria e a beleza da arte.

De acordo com a administração do Hospital, o setor de Educação e Cultura do Pequeno Príncipe viabilizou uma série de oficinas dos projetos Criando Asas II – Fazendo Arte no Hospital Pequeno Príncipe, Cancioneiro do Brasil e Histórias de Bolso.

Durante as oficinas, previstas para acontecer ao longo do ano, além das crianças e adolescentes em tratamento, os familiares dos pacientes também poderão participar das atividades.

Segundo Cláudio Teixeira, um dos coordenadores do setor de Educação e Cultura do Pequeno Príncipe, as oficinas vem sendo realizadas desde janeiro, com o projeto Criando Asas II.

Neste mês, uma das oficinas é que preenchem o calendário de atividades é a do projeto Cancioneiro Brasil, que incentiva o desenvolvimento da aprendizagem e a prática de cantigas de roda pelos pacientes.

Durante as atividades do projeto, todos os espaços de convívio social se transformam em palco para a apresentação de músicas e histórias folclóricas. “Temos usados todos os espaços possíveis, desde o jardim no lado externo do hospital até os quartos”, comenta Teixeira.

O objetivo, entretanto, é ir além. De acordo com Teixeira, a intenção é produzir um CD a ser lançado no final do ano, sob a coordenação do artista popular Itaércio Rocha, com ritmos típicos brasileiros, inclusive algumas compostas pelas crianças e adolescentes do hospital.

“Queremos ainda fazer um show no Teatro Guaíra com o resultado do que for produzido aqui nestas oficinas”, comenta Teixeira. O coordenador explica que a equipe de artistas realizou uma pesquisa de Música Popular, para acrescentar uma riqueza musical e cultural ao projeto.

Teixeira comenta que as oficinas também prestam um importante papel social. Segundo ele, uma parte dos pacientes têm acesso limitado à cultura. “Estamos trabalhando num hospital de alta complexidade, que é procurado por pessoas do interior onde o acesso à cultura é mais difícil. Isso possibilita que muitas destas crianças tenham acesso à cultura”, afirma o educador, que atua há nove anos no hospital.

Teixeira explica que o benefício para os pacientes vai além, já que as atividades auxiliam na reabilitação e tratamento das crianças. “Hospital lida com a dor. Esse trabalho é fundamental para injetar vida para quem está carente dela e precisa buscar uma força interior.”

A conclusão do educador é comungada pela estudante de medicina, Maria Valle, que também participa das oficinas. “Saúde não é só corpo. Saúde é qualidade de vida e isso aqui é qualidade de vida. Não tenho a menor dúvida de que este trabalho faz a diferença, já que a criança chega abatida e sai sorrindo”, afirma.

A visível melhora no tratamento dos pacientes é ratificada pelos pais das crianças internadas. Para a atendente de lanchonete, Renata Rodrigues de Oliveira, que acompanha a filha Sarah Morgana Camargo, de dois anos, internada há mais de dez dias em decorrência de uma pneumonia. “Ela se distrai b,rincando. Isso estimula o apetite e o humor muda. Se ela ficar só no quarto talvez a melhora dela não seria tão boa”, comenta.

Já durante as oficina do projeto Criando Asas, os participantes aprenderam técnicas de linoleogravura, que consiste em criar desenhos através de moldes feitos em pedaços de linóleo.

As impressões feitas a partir destes moldes são divulgadas em uma exposição no próprio hospital. Finalizada essa oficina, as crianças terão a oportunidade de participar de atividades de fotografia e artes plásticas.

Já as atividades do projeto Histórias de Bolso, que começa neste mês, contam com apresentações e contação de histórias, proporcionando-as a possibilidade do contato com o mundo da imaginação e expressão verbal e corporal.

Voltar ao topo