50 anos de Bossa Nova

Um samba estilizado, com grande influência do jazz americano, mas que também já influenciou uma série de outros ritmos musicais pelo mundo. Assim é a Bossa Nova, gênero que está completando cinqüenta anos e que ganhou o planeta e se tornou imortal através do trabalho de diversos cantores, compositores, instrumentistas e arranjadores.

As primeiras manifestações da Bossa Nova surgiram na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente em Ipanema e Copacabana, na década de cinqüenta. Porém, o estilo musical foi oficialmente criado em 1958, com o lançamento dos discos Canção de amor demais, com Elizeth Cardoso, e Chega de saudade, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

E foram justamente Tom e Vinicius, acompanhados de João Gilberto, as figuras centrais da Bossa Nova há cinqüenta anos. Segundo o professor do Conservatório de Música Popular Brasileira de Curitiba, músico, compositor e arranjador Maurílio Ribeiro, a inovação da Bossa estava na composição de Jobim, responsável por sucessos como Garota de Ipanema, considerada a música brasileira mais tocada em países estrangeiros; na letra de Vinícius de Moraes, que soube falar dos sentimentos de uma forma mais informal e trivial; e na interpretação de Gilberto, considerada menos entoada e enfática.

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Garota de Ipanema é considerada a música brasileira mais tocada no mundo. Na foto, Vinícius de Moraes e sua musa inspiradora Helô Pinheiro.

?A Bossa Nova é basicamente um samba, só que tocado de uma maneira diferente. Ela tem uma harmonia mais sofisticada porque foi criada por compositores que tinham mais estudo de música do que os compositores de samba. As músicas eram cantadas em tom mais baixo, dentro de apartamentos?, comenta o instrumentista e arranjador Marcos Valle, que faz parte da segunda geração da Bossa Nova e que no próximo dia primeiro, junto com uma série de outros artistas, vai participar de um show em homenagem aos cinqüenta anos, que será realizado no Rio.

Matéria da revista Manchete aonde João Gilberto aparece
ao lado de sua filha Bebel.

Assim como o trio percursor da Bossa, o estilo foi representado por uma série de outros artistas. Entre eles, Candinho, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Baden Powell, Luizinho Eça, Newton Mendonça, Chico Feitosa, Lula Freire, João Donato, Sylvia Telles, Durval Ferreira, Paulo Sérgio (irmão de Marcos Valle), Normando Santos e Luís Carlos Vinhas. Atualmente, devido a questões mercadológicas, as músicas de Bossa Nova são mais tocadas por rádios internacionais do que por emissoras nacionais. Entretanto, o estilo continua forte em território nacional, devendo entrar na moda novamente com as comemorações do cinqüentenário.

Vinícius de Moraes e Marília Medalha que, junto com Toquinho, fizeram Tarde
em Itapoã.

?Hoje, existe uma coisa chamada ?New Bossa?, onde se incorpora alguma coisa de música eletrônica à Bossa Nova. Isto é feito por artistas como Bebel Gilberto (filha de João Gilberto) e tem agradado muito aos jovens. É bastante tocado, por exemplo, em discotecas de Londres (Inglaterra), revela Maurílio.

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