A vantagem é significativa e confortável. Mas o Paraná Clube não vai sentar-se sobre os 2 a 0 construídos na partida de ida contra o Cobreloa. Com Josiel no ataque, o técnico Zetti prepara um time teoricamente mais ofensivo para o jogo de amanhã, na Vila Capanema, numa tentativa de matar de vez as chances dos chilenos.
A mudança tática foi ?facilitada? pela saída do zagueiro Aderaldo, que surpreendentemente abandonou a equipe em meio à Libertadores para voltar ao futebol chinês. Assim, Zetti mantém Daniel Marques e Neguete na zaga e lança o atacante Josiel, que atuará ao lado de Henrique.
O técnico, porém, afirma que já pensava na troca do sistema, independentemente da saída do beque titular.
?Já havia uma grande possibilidade de isso acontecer. O jogo é em casa e teremos a energia de nossa torcida lotando a Vila. Não deixaremos de buscar o gol para ficarmos só nos defendendo?, garantiu o treinador.
Desta forma, o Tricolor jogará pela primeira vez com uma promissora dupla ofensiva – Henrique e Josiel marcaram um total de seis gols na temporada, inclusive os dois da vitória paranista em Calama, mas só atuaram juntos alguns minutos no segundo tempo do jogo contra o Londrina.
Mas na ocasião Dinelson, o principal armador da equipe, já havia saído de campo. ?Queria ver Henrique e Josiel lado a lado. São velozes, têm boa finalização e chegam com qualidade à frente. Com a ajuda do Dinelson, que tem ótima visão de jogo, além da chegada do Gérson, criamos ótima situação ofensiva?, comemora o treinador.
A contrapartida é a fragilização da defesa diante do jogo aéreo chileno, principal arma do adversário na opinião do próprio Zetti. Assim, o posicionamento da defesa foi o principal foco do treino de ontem à tarde – o lateral André Luiz executou por vezes a função de zagueiro, para ajudar a afastar os cruzamentos com seu 1,83m. ?Se perdemos de um lado, ganhamos do outro. O Josiel vai nos ajudar e com ele teremos um time ainda mais rápido?, ponderou André Luiz.
Trata-se de um risco, concorda Zetti, mas que vale a pena ser corrido.
?É a força de nosso ataque que nos dá tranqüilidade?, falou.
Aderaldo faz um negócio da China
Aderaldo treinou normalmente (no time reserva), pegou suas chuteiras e deu adeus ao Paraná Clube.
O zagueiro abandonou o barco às vésperas do jogo decisivo pela Libertadores, contra o Cobreloa, para voltar a defender o futebol chinês.
Quando retornou ao Tricolor, no começo do ano, Aderaldo incluiu no contrato uma cláusula que permitia a saída sem pagamento de multa, caso surgisse uma proposta do Shangai, equipe chinesa que defendeu em 2005 e 2006.
A proposta veio e o jogador foi liberado. ?Já deveria ter saído na semana passada.
Mas o Zetti pediu para segurá-lo alguns dias porque contava com ele no primeiro jogo contra o Cobreloa?, afirmou o vice-presidente José Domingos.
É a segunda vez que o zagueiro deixa o Paraná na mão – ele saiu durante o Brasileiro de 2005 para defender o Shangai. Depois do jogo contra o Londrina, afirmou que não aceitava vaias porque o Paraná fez questão de contratá-lo.
Ontem, após ser liberado, não quis falar com a imprensa.
Agora a diretoria corre contra o tempo para buscar outro zagueiro canhoto.
Se o Tricolor confirmar a classificação à fase de grupos da Libertadores, dois jogadores podem ser substituídos da lista original de 25 até a próxima quarta-feira. ?Podemos até trazer dois atletas dessa posição?, falou José Domingos.
Zetti evitou criticar a decisão do jogador. ?É uma opção pessoal. Possivelmente a idade (Aderaldo tem 29 anos) tenha influído?, falou o técnico, que indicou alguns nomes para a diretoria procurar.
Ingressos no fim
Os ingressos originais estão no fim, mas num só dia a diretoria paranista descolou uma carga extra de 3.500 entradas para a torcida tricolor. Deste total, 2.078 foram transferidas do lote anteriormente destinado ao Cobreloa – se vier, a torcida chilena estará em número muito reduzido na Vila. O bilhete para o setor custa R$ 40.
Ontem, o Paraná também conseguiu junto à Polícia Militar a liberação de mais 1.500 entradas, aproximadamente, para a ?Geral Social?, ou a chamada ?Turma do Amendoim?, em frente às cadeiras.
Assim, a carga total passa a ser de 18.500 ingressos.
Na última parcial, emitida pelo clube às 17h de ontem, haviam sido vendidos 13.171. Os ingressos seguem à venda hoje, em todas as sedes do clube.
Camisa de forasteiros
A diretoria do Paraná e a Polícia Militar também decidiram proibir a entrada de torcedores com camisas alusivas a outros clubes que não Paraná e Cobreloa. Mesmo as vestimentas de times de outros estados ou países estão vetadas.
Cobreloa confiante na vitória
Clewerson Bregenski
Certeza de que o Cobreloa tem futebol suficiente para reverter o resultado e sair de Curitiba com a classificação para a fase de grupos da Copa Libertadores. Esse é discurso da comissão técnica e jogadores chilenos que, na tarde de ontem, realizaram treino no Estádio do Pinheirão, visando o confronto de amanhã contra o Paraná Clube.
O técnico Gustavo Huerta ainda não definiu o time que enfrenta o Tricolor.
O destaque foram as finalizações certeiras do atacante argentino Rodrigo Mannara. O único jogador que não participou do treino foi o meia Esteban Paredes.
De acordo com o departamento médico do Cobreloa, o jogador sentiu uma lesão e não viajou com o grupo para Curitiba, permanecendo no Chile para tratamento. Porém, a comissão técnica confirmou que ele deveria se integrar ao restante do time ainda ontem e se apresentar pronto para jogar. Paredes é o controvertido jogador que, em declarações a um jornal chileno, disse acreditar que o Paraná não tem um bom time e que a derrota aconteceu porque o adversário soube aproveitar duas falhas de sua equipe.
Elogios
Gustavo Huerta também afirmou que o Cobreloa tem todas as condições de vencer o Paraná, mas foi mais comedido em suas declarações. Comentou que o Paraná tem uma boa equipe, com atacantes muito rápidos e uma defesa segura. ?Qualquer time com essas características é difícil de ser vencido?, acrescentou.
Para amanhã, o Cobreloa espera uma partida totalmente diferente da disputada em Calama (Chile). Huerta afirmou que o Paraná jogará com um esquema diferente e deverá dar mais espaços para sua equipe jogar. Mas o treinador não quis falar sobre qual estratégia adotará para o triunfo chileno.
Quanto a pressão das arquibancadas, Huerta não acredita que seus jogadores irão se intimidar. ?São jogadores experientes que já disputaram várias Copas Libertadores e alguns já integraram a seleção chilena?, destacou.