“Mas quem sou eu?”, perguntava-se aquele senhor de 78 anos, andar lento e cansado, um semblante de quem enfrentou severos problemas de saúde nos últimos anos.
Ele é Mário Jorge Lobo Zagallo, o único campeão do mundo de futebol por quatro vezes (duas como jogador, uma como treinador e a última como coordenador técnico), que desde ontem passou a ser um dos apoiadores do projeto “Gols pela Vida”, que é patrocinado por Pelé e encampado pelo hospital curitibano Pequeno Príncipe.
A ideia surgiu de conversas do filho do Velho Lobo, Mário, com seu sócio na Zagallo Sports, o curitibano Cassiano Xavier. “Minha esposa trabalha aqui há 20 anos. E há algum tempo vinha pensando em ter o Zagallo junto destes projetos. Na virada deste ano, conversei com ele sobre o assunto, e ele adorou a ideia”, disse Xavier.
“Era para estar aqui antes, mas tenho trauma de voar para Curitiba. Toda vez que vim para cá tive problemas. Desta vez foi tudo bem”, brincou o ex-treinador. Se Pelé dá o nome, o incentivo e até a carreira para o projeto “Gols pela Vida”, Zagallo passará a ser um grande “embaixador” do projeto, aproveitando seu carisma, que segue intacto. “Cheguei aqui e uma senhora, de nome Vilma, não parava de gargalhar. Olhava para mim e gritava: “Vocês vão ter que me engolir’”, contou. “Fico feliz com isso. O reconhecimento que tenho das pessoas é emocionante, é um grande prêmio que tenho depois de todo este tempo no futebol, sempre pensando no Brasil e nos brasileiros. Por isso, deixo tudo que tenho à disposição do Pequeno Príncipe para ajudar esta iniciativa”, completou o Velho Lobo, que ontem aproveitou a tarde para visitar as crianças que passam por tratamento no hospital.
Com o sucesso dos leilões das moedas que homenageiam cada gol de Pelé, o projeto está rompendo fronteiras. “Queremos criar uma rede de solidariedade. Já criamos vínculos em vários estados do País, na América do Sul e agora na Europa”, comentou José Álvaro Carneiro, responsável pelo projeto, citando um jantar beneficente que será realizado na próxima semana, em Dublin, na Irlanda.
Mesmo nesta incursão solidária, Zagallo, que fica em Curitiba até hoje pela manhã (ontem ele participaria de um jantar com cardápio assinado por vários chefs de cozinha, e com renda revertida ao projeto), não foge do futebol.
A entrevista coletiva só aconteceu depois do amistoso entre Brasil e Omã. E ele elogiou o trabalho de Dunga. “Muita gente não acreditava nele, mas ele está ganhando. Ele está fazendo um trabalho grandioso, mas há muita coisa pela frente. Tem a Copa do Mundo, e ele tem que fazer um time que respeite os adversários, que saiba atacar e saiba defender. É preciso equilíbrio, e o Dunga está trabalhando bem”, finalizou.