Vitória devolve a paz ao Paraná Clube

Tranqüilidade e alívio. Palavras que resumem o dia seguinte do Paraná Clube após a nona vitória sobre o Flamengo, seu maior “freguês” em campeonatos brasileiros. O resultado, além de guindar o tricolor à quarta colocação, tirou um peso enorme dos ombros dos atletas. Alguns estavam visivelmente tensos em campo, ainda num reflexo da inesperada goleada para o Vitória.

A “comemoração” comedida de jogadores e integrantes da comissão técnica é justificável. O time – ainda em formação – busca um ponto de equilíbrio e o treinador, a formação ideal. A aposta em Chokito, por exemplo, não surtiu o efeito desejado. O atacante rendeu, frente ao Flamengo, menos do que havia produzido contra Santos e Vitória. Adriano entrou no segundo tempo e abriu caminho para a “virada”.

Positivista por natureza, o técnico Paulo Campos exaltou este “poder de decisão” dos jogadores que têm saído do banco de reservas para “resolver os problemas” da equipe. “Isso mostra que o trabalho da intertemporada foi bem realizado. Todos estão em boa forma e as oscilações são típicas de uma equipe ainda em formação”, comentou o treinador. “Veja só o Wiliam. Ele não tinha jogado ainda e entrou com personalidade, fazendo um grande segundo tempo”, citou.

O time para o jogo de amanhã, em Caxias do Sul, ainda não está definido e Wiliam pode ser titular do meio-de-campo. O treinador ainda espera a recuperação de Fernando, que sofreu uma entorse de tornozelo na véspera do jogo frente ao Flamengo e a lesão interferiu no seu rendimento. Além disso, Paulo Campos está analisando alguns teipes de jogos do Juventude, para então armar a estratégia para a partida. A “espionagem” do Paraná ficou prejudicada pela transferência do jogo do Juventude frente ao São Caetano, devido à participação do Azulão na Libertadores. De quebra, o Juventude ainda ganhou um “descanso” extra nesta maratona inicial do campeonato brasileiro.

“Vou jogar em função do adversário. Não podemos incorrer nos erros do jogo na Bahia”, explicou. Ele não descarta a utilização de um meio-de-campo “mais fechado”. Nem mesmo o ataque foi confirmado. Adriano seria a “bola da vez”, recuperando a posição que perdera para Chokito. Mas, essa questão só será decidida após o treino desta manhã, em Porto Alegre. Fernando Lombardi está mantido na zaga, mas não está descartada até uma variação tática.

Para Campos, o Flamengo conseguiu maior volume no primeiro tempo porque soube preencher bem os espaços do meio-de-campo. Mas, lembra, as melhores chances foram criadas pelo Paraná. “No segundo tempo, melhor posicionados, conseguimos a virada. E é importante ressaltar a personalidade desses atletas, que vinham abalados por uma goleada, saíram em desvantagem, mas reverteram o quadro, com garra”.

Zero Grau

Gelo e Curitiba, nesta época do ano, têm tudo a ver. Só que a temperatura caiu com maior intensidade no Paraná Clube. Pelo menos nos dias seguintes aos jogos do Brasileirão. O preparador físico Wilian Hauptman adota novas técnicas de ação profilática, na busca por uma perfeita recuperação muscular dos jogadores. A crioterapia – ou imersão no gelo – já é utilizada pela seleção brasileira e outros clubes do País e do exterior. Com efeito analgésico e anti-inflamatório, a ação visa minimizar o índice de lesões.

Apesar da “cara feia” nos primeiros instantes de imersão, os jogadores têm aceitado numa boa a inovação. “Este grupo é muito profissional e ninguém chiou, não”, diz Wilian. “O desconforto ocorre só nos primeiros segundos. Depois, dá para encarar”, disse o meia Beto. O esforço físico gera uma vasodilatação. Com a imersão no gelo, o efeito contrário é obtido, ou seja, uma vasoconstrição. Os jogadores ficam na banheira – com aproximadamente 15kg de gelo adicionados à água – por aproximadamente 5 minutos. Há profissionais que utilizam a marca de 7 minutos de imersão. “Cara, gela tudo, parece que tá queimando”, disse o zagueiro Carlinhos.

A crioterapia está sendo aplicada no dia seguinte aos jogos, nesta fase com rodadas intermediárias. A partir da próxima semana, as aplicações serão semanais. Com um jogo no domingo, por exemplo, a imersão no gelo ocorrerá sempre às quintas. “Assim, os jogadores chegam inteiros para o apronto e com força total nos jogos”, disse Hauptman. Na Vila Capanema, os jogadores se revezam nas duas banheiras de hidromassagem existentes.

“Aqui, o trabalho é de fácil aplicação. Já cheguei a utilizar tambores em outros clubes”, conta o preparador físico. Como o objetivo é preservar a musculatura dos membros inferiores, não há necessidade de uma imersão completa. Hauptman já antecipou que nos dias mais frios, durante o inverno curitibano, poderá reduzir a utilização da crioterapia.

Chegou Edinho, o novo reforço

O lateral-esquerdo Edinho chegou cheio de vontade. Elogiando a estrutura do Paraná, ele promete acelerar na preparação física para poder estrear no novo clube o quanto antes. É a primeira incursão do atleta no sul do País. Formado no futebol carioca, Edinho já esteve no exterior por uma temporada. “Fiquei um mês na Inter de Milão, mas como havia muitos estrangeiros, fui para o futebol búlgaro”, explicou o ala, que já iniciou os treinamentos ontem pela manhã.

Edison Carlos Felicíssimo Polidório, 24 anos, começou carreira no Madureira e disputou o brasileiro do ano passado pelo Vasco da Gama. Edinho fez uma composição com os clubes – pois tinha salários atrasados a receber no Vasco – e depois de jogar o campeonato carioca pelo Madureira, conquistou seus direitos federativos. Empresariado pelos ex-campeões mundiais Jorginho e Bebeto, Edinho vem por empréstimo até o final do ano.

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