Venezuelanos dominam ciclismo sul-americano

A equipe de ciclismo da Venezuela garantiu duas medalhas de ouro e duas de prata antes mesmo das finais masculina e feminina da prova de velocidade dos Jogos Sul-Americanos. Nas semifinais realizadas na tarde de ontem, antes da interrupção em virtude da chuva, o país conseguiu a façanha de classificar dois atletas para cada uma das decisões, confirmando a supremacia do país.

A competição que está sendo disputada no Velódromo do Jardim Botânico, em Curitiba, terá na final feminina da prova Daniela Larreal e Angie Gonzáles, e na masculina Alexander Cornieles e Hector Rodriguez. Cornieles, que eliminou o brasileiro Robson Vieira, o Bodão, nas semifinais, pode conquistar sua segunda medalha de ouro na competição. Na manhã de ontem, ele venceu no quilômetro contra o relógio, garantindo o primeiro ouro do ciclismo no Sul-Americano. O campeão foi Alexander Cornieles, com o tempo de 1min07s927. O argentino Maximiliano Richeze ficou em segundo, com 1min08s171; enquanto o chileno Enzo Cezario terminou em terceiro, com 1m08s454. Logo depois, o argentino Edgardo Simon conquistou a medalha de ouro na perseguição individual. Simon completou as 12 voltas em 4min45s657, estabelecendo o novo recorde da pista curitibana nesta prova. A melhor marca anterior (4min52s) pertencia ao paranaense Antônio Carlos Silvestre, bicampeão pan-americano, e já durava 20 anos.

A prata ficou com o chileno Marco Arriagada (4min53068). Na decisão da medalha de bronze, a Argentina também levou a melhor. Fernando José Antogna, com 4min48s830, derrotou Isaac Cañizales, da Venezuelana, que conseguiu o tempo de 4min49s233.

Trabalho de base

“Esse desempenho é resultado de muitos anos de trabalho específico que desenvolvemos com os atletas de velocidade. Viemos para os Jogos Sul-Americanos com a aspiração de ganhar medalha em todas as provas”, afirmou o técnico da equipe da Venezuela, Leopoldo Borja. “Espero que os outros países da América do Sul continuem evoluindo no ciclismo, para garantirmos um futuro melhor para a modalidade no continente”, completou.

Na perseguição por equipes masculina, a Venezuela tem o segundo melhor tempo até agora (4min36s585) e depende da marca da Argentina para saber se brigará pelo ouro com os chilenos, que já garantiram vaga na decisão, com 4min25s278. A tomada de tempo dos argentinos será realizada nesta terça-feira, uma vez que a chuva interrompeu a programação desta tarde. O Brasil terminou o percurso de 4.000m da prova em 4min38s677 e disputará a medalha de bronze.

 

Esperança de medalha hoje

A esperança do ciclismo brasileiro de chegar à sua primeira medalha nos VII Jogos Sul-Americanos está concentrada em Robson Vieira, o Bodão, na prova de velocidade 200m, e na equipe de perseguição (Daison Mendes, Marcos Novello, André Pullini e Hernandes Quadri Júnior).

Ontem, Bodão obteve o 4.º melhor tempo nas semifinais (11s915), alcançando a vaga para a disputa do bronze, hoje, com o chileno Luiz Muñoz, terceiro melhor. Na série de classificação da prova de perseguição por equipe, os brasileiros ficaram com a terceira marca (4min38s677), atrás de chilenos e venezuelanos. A tomada de tempo da Argentina foi interrompida pela chuva e será realizada hoje.

Anjos da guarda das estrelas

Guilherme Voitch

Eles estão longe de ser as estrelas do espetáculo. Mas, mesmo longe dos olhos do público e da imprensa, os mecânicos são figuras indispensáveis nas provas de ciclismo do Sul-americano. Evandro de Souza Oliveira, o Coquinho, por exemplo, é a figura mais requisitada no box brasileiro. Mecânico da seleção há onze anos, ele não tem descanso. É o primeiro a chegar e o último a sair dos locais de prova, sempre ?perseguido? por ciclista e técnicos. “Temos que fazer ajuste antes do início das provas; entre uma tomada de tempo e outra. Não dá para parar”, explica. Não dá mesmo. Evandro dá a entrevista enquanto prepara mais uma bicicleta para competir, no meio de esquadros, raios e dezenas de chaves e alicates. Ele conta ter mais de quarenta quilos em equipamento. E deveria ser mais. “Não dá para comparar com grandes equipes como Itália e França que tem uma estrutura profissional mesmo”.

Professor

Longe da modernidade européia, os sul-americanos evoluem aprendendo uns com os outros. O chileno Samuel del Valle, de 72 anos, é a maior referência entre os companheiros. Há trinta e dois anos como mecânico do Chile, ele é chamado de ?professor? pelos colegas. Também pudera. Ele ganhou a primeira bicicleta aos três anos e nunca mais parou. De ciclista virou mecânico e como tal já esteve nas Olimpíadas de Atlanta, Sydney e vários mundiais pelo mundo. “E vou continuar. Só sei fazer isso e faço com gosto”, diz.

 

CBC tem projeto para Velódromo

Curitiba deve ser a nova sede da seleção brasileira de ciclismo. A informação é de José Luís Vasconcelos, vice-presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC). “Temos o Velódromo Municipal em ótimas condições. E parte da comissão técnica mora aqui”, diz. A cidade se transformaria também em um centro de treinamento para os novos talentos do esporte. “Receberíamos ciclista de 16 e 17 anos para capacitação”. Local para isso já existe. O centro de ciclismo deve funcionar em uma instalação ao lado do estádio Durival de Brito, na Avenida Brasílio Itiberê. O local funcionava anteriormente como uma escola. A consolidação do projeto depende da liberação de recursos junto ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Mesmo assim, Vasconcelos acredita que o centro deve estar pronto até o final do ano. “É um passo importante para nos consolidarmos como equipe e para garantir a renovação no esporte”.

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