Vem aí a Copa João Havelange II

Rio – A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já estuda uma alternativa para driblar a Justiça Comum e não acatar a decisão de incluir o Caxias na Série A do principal campeonato do País, que deve começar dia 10 de agosto: passaria a organização deste ano do Brasileiro para os clubes, assim como ocorreu em 2000, com a Copa João Havelange. E os clubes convidariam os 26 participantes da competição. A CBF daria apenas apoio logístico.

Ou seja, cuidaria da indicação dos árbitros, do registro dos atletas e de toda parte de comunicação do evento. O Clube dos 13, a quem deve recair a organização do campeonato, ficaria encarregado de elaborar a tabela final, o regulamento e sua forma de disputa. “Pode vir aí a Copa Duque de Caxias, quem sabe?”, sugeriu o presidente da Federação de Futebol de São Paulo, Eduardo José Farah.

Ele esteve à tarde na sede da CBF para conversar com outros presidentes de federação. E defendeu uma medida punitiva para os clubes que recorrem a “laranjas” a fim de tentar burlar a Justiça Desportiva. “Se eu tivesse poder, daria cinco dias para qualquer clube retirar ações na Justiça Comum, caso contrário suspenderia o campeonato e desfiliaria esses clubes, com um comunicado à Fifa.”

Farah referia-se ao Caxias ao Santa Cruz. Ambos tentam confirmar a presença no Brasileiro deste ano por meio de medidas judiciais fora da esfera esportiva.

O dirigente de São Paulo culpou o presidente licenciado da CB,F Ricardo Teixeira, pela confusão, a duas semanas e meia do início do Brasileiro. “Cadê ele? Tinha de estar aqui para resolver esses problemas”, disse. Farah defende a saída de Teixeira do cargo, mas negou que vá liderar alguma campanha com essa finalidade. “A maior prova de que falta comando na CBF é que acabo de entrar e sair do prédio da entidade e nem sequer recebi um `boa tarde’. Ora, sou o presidente da maior federação de Futebol da América do Sul.”

O presidente em exercício da CBF, José Bastos, reafirmou que não existe nenhuma possibilidade de o Brasileiro ser disputado com mais de 26 clubes. Deu respostas evasivas sobre os problemas às vésperas da competição e transferiu também um pouco da responsabilidade sobre essas questões para Teixeira. “Quando ele voltar, vai poder responder a vocês com mais precisão”, disse, sem informar o dia do retorno de Teixeira, que está no exterior.

Enquanto a Série A do Brasileiro continua indefinida, a situação da Série B parece mais grave ainda. Eduardo Farah deixou clara sua opinião a respeito da Segunda Divisão nacional. “Não vai ser disputada. Os clubes estão sem dinheiro e a CBF não ajuda”, disse. “Não dá para fazer baile sem dinheiro nem orquestra.” Bastos acabou alimentando a polêmica. “A Série B está em estudos ainda”, afirmou.

Se há desorganização e desencontros nas Séries A e B, a Série C não foge à regra. A princípio, já estão definidos os 65 clubes que vão integrá-la. Mas a CBF já informou que só dará auxílio financeiro para apenas um clube de cada um dos 27 Estados. Os outros 38 teriam de arcar com as próprias despesas. Ontem, a CBF recebeu vários telefonemas de clubes do interior do País a maioria pedindo ajuda à entidade para não ficar fora da competição.

Calendário

Presidentes de sete federações estaduais levaram à direção da CBF proposta de um calendário para 2003. De acordo com a proposta, o Campeonato Brasileiro ocuparia os meses de agosto a dezembro, período menor do que o idealizado pela CBF. O presidente da comissão de federações, Carlos Alberto Oliveira, de Pernambuco, afirmou que uma eventual recusa da CBF à proposta levaria as federações a ingressar na Justiça contra a entidade.

Tanto Oliveira quanto Farah são pré-candidatos à Presidência da CBF. Vão concorrer à sucessão de Ricardo Teixeira e estão buscando mais visibilidade para defender seus interesses.

Alegria pode durar pouco

Florianópolis

 – A decisão do presidente em exercício da CBF, José Sebastião Bastos, de incluir o Caxias na Série A do Campeonato Brasileiro, tirando a vaga que já estava garantida ao Figueirense, foi comemorada com fogos de artifício na cidade de Caxias do Sul e recebida com surpresa em Florianópolis.

Até o início da noite de ontem, o advogado do Figueirense, João Batista Baby, e o presidente da Federação Catarinense de Futebol Delfim Peixoto Filho, permaneciam reunidos com Bastos na sede da CBF, no Rio, tentando entender o que aconteceu e encontrar uma saída.

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